Todo mundo sabe da importância de se ter pessoas que dêem bons exemplos por perto, principalmente durante a infância e adolescência - porque nesse começo de vida a gente molda o caráter, faz escolhas importantes e começa a entender o que é viver.
E essas pessoas que servem de modelo para nós geralmente estão na família ou na escola. A maioria das pessoas tem um professor inesquecível que mudou sua vida - para melhor ou para pior. Mas, apesar de ter tido excelentes professores na escola regular, eu encontrei meus verdadeiros mestres na música.
Foram pessoas que me ensinaram muito mais do que ler partituras, cantar afinado ou tocar um instrumento. Estas pessoas me ensinaram como é que se vive em sociedade, como é que um ser humano pode ser pleno, bom e feliz - e a música foi o veículo através do qual todas essas lições me foram passadas.
Hoje em dia, atuando também como professora, sinto o peso desta responsabilidade de ensinar a viver através da música - e muitas vezes acredito que esta tarefa seja árdua demais para mim.
Sei que as lições que a música ensina não foram fáceis de aprender e tenho certeza da difícil tarefa que é ensinar estas lições.
Ontem foi o dia de aprender mais uma lição. Perdemos uma pessoa que ensinou a mim e a tantos outros. Malu Cooper foi minha professora de canto, preparadora vocal e regente coral. Sempre nos contagiou com seu sorriso aberto, seu jeito carinhoso de tratar a todos e seus lindos olhos, brilhando sempre!
Malu lutou contra uma doença terrível sempre com bom humor e otimismo - e nunca abandonando a música, nem deixando de transformar outras pessoas através dela.
Ontem vi meus mestres chorando e senti o peso da saudade que uma pessoa assim deixa. Ontem vi a despedida que eu gostaria de ter para mim, quando for a minha vez de ir. Muitas e muitas pessoas que foram tocadas por uma presença em suas vidas e que fizeram questão de levar seu carinho, de demonstrar sua admiração.
Junto com a Malu, dei adeus a um pedaço importante da minha juventude. Estavam lá tantas gerações de cantores e sei que todos sentiam um pouco disso. Todo mundo queria cantar, mas ninguém sabia exatamente como começar. Chegamos a cantarolar algo tímido, baixinho. Mas a música nem sempre dá conta de tudo o que sentimos - e talvez fosse o momento de fazer mesmo uma pausa.
Obrigada, Malu, por todo o canto!
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