segunda-feira, 30 de abril de 2012

A popozuda e a vanguarda.

Nesta semana não se fala em outra coisa. A nova música de Valesca Popozuda com a participação de Mr. Catra foi a ultima sensação do Facebook e Youtube. 
Apesar de não ser muito chegada à artista (artista?), fiz questão de conhecer a música porque sou uma artista (artista?) preocupada com o que acontece ao meu redor e tenho a convicção de que aprendemos igualmente com o que achamos bom e ruim.
Pois bem, o que eu aprendi com essa música - além de novas formas de usar as palavras da maneira mais explícita possível para descrever o ato sexual - é que eu não entendo nada.
Isso mesmo. Quem se apropria do discurso de Caetano hoje é Valesca Popozuda. Ao ser alvo de críticas por falar palavrões, ela deu uma cartada sensacional nos chamando a todos de burros. 
Do alto de suas roupas mínimas e coladas, Valesca Popozuda me faz sentir uma imbecil.
"Vocês não estão entendendo nada!" - imagino ela dizendo. E continua: "Vocês têm coragem de aplaudir, este ano, uma música, um tipo de música que vocês não teriam coragem de aplaudir no ano passado!".

Daqui a 30 anos, certamente haverá nas estantes empoeiradas das universidades mais bem conceituadas teses e dissertações que dirão algo parecido com o que direi a seguir. 
Iniciemos, portanto, a análise.

1)Valesca Popozuda é a vanguarda. Nelson Rodrigues e seus conteúdos "chocantes" já ficaram ultrapassados.

2) Valesca Popozuda é herdeira da antropofagia. 
Diz o Manifesto Antropófago:
"Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.
Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama."

Diz Valesca Popozuda, 84 anos depois:

"Eu sei que você já é casado, mas me diz o que fazer
Porque quando a p***** tem dona é que vem a vontade de f****"

3)Valesca Popozuda propõe ainda uma revolução estilística na escrita. O sexo é uma temática literário-musical presente na arte desde tempos imemoriais. Mas depois de séculos "enfeitando o pavão", Valesca Popozuda decreta o fim da metáfora. As coisas são o que são e não há porque fingir que são algo diferente disso - inaugurando a corrente ideológica da verdade nua e crua.

Para concluir, deixo vocês com Tom Zé e sua lindíssima análise de "Atoladinha".







quinta-feira, 26 de abril de 2012

Uma lição sobre limões, limonadas e caipirinhas.

Talvez este seja o post mais importante da história deste blog. Por favor, leiam com atenção e carinho.

Quando eu comecei este registro on-line que vocês lêem, eu assumi o risco de compartilhar com meu público todas as situações relacionadas à produção do meu primeiro CD.
É claro que quando eu comecei tudo isto, eu achava que o máximo de exposição que aconteceria seria algo em torno dos meus momentos de ansiedade, nada mais sério do que isso. É claro que eu achava que tudo ia dar certo e eu só teria vitórias para comemorar com meus leitores. Mas também é claro que eu estava enganada.

O caminho desta produção acabou tomando rumos muito mais tortuosos antes de reta de chegada para o lançamento. Comecei a ter problemas com a fábrica dos CDs, quanto ao prazo e quanto a imagem do produto e, como já havia virado praxe, divulguei também estes problemas aqui - porque o bom e o ruim têm que fazer parte do relato para que ele seja verdadeiro. E também para que outras pessoas aprendam alguma lição com a minha experiência.
Mas foi nesta divulgação de tudo que eu acabei metendo os pés pelas mãos. Quando as pessoas viram na vida real o resultado da impressão que eu tanto critiquei on-line, acharam que não era tão mal assim. Outras acharam que era um efeito do Photoshop... e no final das contas, se eu não tivesse dito nada, estaria tudo certo.  Eu confundi o fato de não estar como eu queria com o fato de não estar bom. E existe uma tênue linha entre o que é do nosso gosto e o que é qualidade - e mesmo que a impressão do disco tivesse ficado exatamente como eu queria, eu ainda estaria sujeita à críticas negativas de pessoas que não gostariam do resultado. Então, fica elas por elas.

Apesar de tudo, achei melhor ter compartilhado e contado a verdade do que viver a angústia do "e se alguém perceber que era pra ser outra coisa?".

Pois bem, aprendi uma lição sobre pegar os limões da vida e fazer uma limonada. Afinal, o que eu tinha como uma "impressão borrada" acabou virando uma "edição de colecionador", graças ao bom humor dos meus amigos. Depois, aprendi a fazer da limonada uma bela capirinha, ao ver que o que realmente importa é o som que está no disco - embora a imagem nos dias de hoje faça uma graaaande diferença, quem ouve no rádio não vê bolacha.

Acabei dando a discussão da borracha (a "bolacha borrada") por encerrada e vou aceitar as 900 cópias que já estão la na fábrica, prontinhas. Até porque eu tinha duas opções: gastar mais dinheiro e mais tempo para ter o CD que eu queria ou ter o CD que todos curtiram, sem gastar mais dinheiro nem mais tempo.
No final das contas, espero que essas primeiras 1000 cópias voem! E que isso tudo vire história para contar no futuro. Essa é uma tentativa manter a sinceridade sem me sacrificar pelas aparências. Sou uma artista iniciante, independente, este é meu primeiro CD e eu fiz absolutamente TUDO sozinha - é claro que algo tinha que dar errado.
A vida é assim: a gente erra, a gente aprende e não erra mais.

Em tempo, mais uma lição sobre sinceridade:

Minha avó me ligou depois de ver a capa do CD em que eu estou usando o vestido dela e disse a maior pérola de todos os tempos:
- Você nunca foi tão bonita assim! Como é que isso ficou bonito assim??

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Se o meu disco soubesse...

Todo ano na data do meu aniversário, minha mãe me conta como foi o dia do meu nascimento e a história sempre começa na véspera - quando ela arrumava a mala para ir ao hospital fazer a cesariana.
E essa história da véspera do meu nascimento ilustra bem o meu sentimento sobre o dia de amanhã. Estou nos preparativos dos últimos detalhes para viver um parto com hora marcada e assistido por bastante gente!

Se um dia eu fosse comemorar o "aniversário" do meu CD, eu falaria do ensaio de hoje, que foi ótimo. A banda estava tranquila e animada para o show. Sobre a expectativa dos amigos, também posso dizer que o carinho das pessoas e o interesse em estarem presentes tem sido muito grande. Arrisco dizer que todo mundo estava muito feliz com a notícia e queria ver ele nascer.

Sobre a minha própria sensação, o que predomina é a ansiedade. Amanhã verei ao vivo a reação das pessoas ao meu som, às minhas músicas e a este trabalho que vem sendo construído desde o final do ano passado com tanto cuidado. Espero que eu consiga controlar a emoção e me divertir no meu próprio show.

Se o meu disco tivesse um signo, ele seria taurino. Em geral, isto significa teimosia. Mas, pra ficar bonito, digamos que a principal característica do taurino é a persistência. E tomara que o disco seja assim - que ele me faça persistir pra irmos mais longe!

sábado, 21 de abril de 2012

On the cover of Rolling Stone!

É quase isso. Meu momento "Quase Famosos" - matéria sobre mim no blog de música brasileira da revista Rolling Stone Brasil! Amei!

Confira na íntegra em:

http://rollingstone.com.br/blog/musica-popular-brasileira/luiza-sales-uma-grata-surpresa

Luiza Sales, uma grata surpresa

Luiza Sales
Divulgação
Por Cláudia Boëchat


Luiza Sales lança na próxima terça, 24, no Rio, seu primeiro CD: Breve Leveza. De cara, já arranjou um produtor internacional, o norte-americano Dan Garcia. No álbum, Luiza Sales, uma artista do Oi Novo Som, apresenta canções autorais e também hits de duas de suas grandes referências musicais, Djavan e Rosa Passos.


Luiza tem formação erudita. Ainda criança queria tocar violino. Formou-se em música e integrou a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem. “Entrei na faculdade querendo ser professora e violista (sim, viola, aquela da orquestra). Saí de lá querendo ser cantora”, conta ela em seu blog. Mas foi a MPB que a conquistou e a fez tornar a música sua profissão, chegando, esta semana, ao primeiro disco. Uma grata surpresa. Luiza tem uma voz doce e um suingue contagiante. Tem um ótimo astral.


No álbum ela é acompanhada por um grupo instrumental de jazz chamado Os Coringas e formado por: João Bitencourt (piano), Yuri Villar (sax, também parceiro em algumas composições e arranjador), Chico Oliveira (baixo), Antonio Neves (bateria) e Davi Mello (guitarra). Luiza queria que seu primeiro álbum tivesse “balanço”. “Escolhi gravar um disco inteiro com a mesma banda porque sei que a intimidade que eles têm tocando juntos soma muito ao trabalho, dando ‘liga’ ao som. Quis Os Coringas porque eles prezam por algo que eu faço questão de ter no meu som. Tem gente que chama de groove, outros apelidam de suingue – mas não importa o nome, o negócio é fazer a música pulsar”, comenta a artista.


Enfim, o que essa moça faz é uma delícia!

Por tudo o que eu tenho passado.

Essa foi a semana mais difícil do ano.
Começou com a péssima notícia sobre a minha tão sonhada viagem à Europa e terminou com a péssima notícia de que não terei CDs no dia do lançamento do "Breve Leveza". Desde quinta feira eu estava lutando contra o não cumprimendo do prazo da fábrica que contratei para prensar os CDs e eu consegui receber 100 unidades na sexta feira. Achei que isso me resolveria os problemas, mas qual não foi a surpresa ao ver que todas as bolachas estavam com a impressão de péssima qualidade e que havia diferenças de cores entre os encartes (em algumas capas não dá nem para ver o meu rosto na foto).

Enfrentei muitos obstáculos, totalmente alheios ao meu controle. Sei que todo mundo tem problemas para lançar discos, principalmente quando o trabalho é independente. Mas comigo aconteceram todos os problemas justo na última semana antes do lançamento. Voei em "céu de brigadeiro" na hora de gravar, mixar, produzir, ensaiar... e logo no momento em que eu deveria ter paz, a vida me provoca desespero. Mas depois de chorar muito e colocar pra fora toda a frustração dessa etapa final, o sentimento que tenho agora é outro. Depois de ter vivido a revolta, o medo e a tristeza de não ter meu trabalho realizado como eu planejei, eu quero é agradecer. 

Quero começar agradecendo aos músicos que fizeram parte das gravações e que estão comigo neste show na proxima terça. Sem Os Coringas, Mateus Xavier, Vinicius Castro e Luiz Morais o som do disco seria outro. Sou muito grata pela qualidade altíssima do trabalho desses meninos comigo. Também quero agradecer ao produtor e amigo Daniel Garcia, pessoa sem a qual este trabalho não existiria, certamente. Agradeço também aos meus amigos arranjadores e compositores, que foram tão solícitos e demonstraram tanta alegria em ter suas músicas e idéias gravadas neste disco. Agradeço ainda aos meus amigos da equipe de design, assessoria de imprensa, fotografia, filmagem... depois do trabalho musical, o que vocês fazem por mim é a parte mais importante de toda esta produção. Agradeço à minha família que está comigo para superar todas as minhas dificuldades com paciência, carinho e conselhos jurídicos (!). Agradeço aos amigos que já manifestaram o desejo de transformar o CD mal impresso em edição de colecionador.

Agradeço ao motorista de ônibus que me fez passar por um acidente, por ter me ensinado a valorizar cada minuto da minha vida.
Agradeço ao avaliador do Ministério da Cultura que me deu um décimo a menos, por ter me ensinado que falta muito pouco pra eu chegar onde quero.
Agradeço à fábrica que fez os CDs mais mal feitos que eu já vi, por ter me ensinado que a beleza do meu trabalho não está na forma, e sim no conteúdo.
Agradeço, por fim, a essa vida tão injusta e cruel, por me mostrar que nada vai me impedir de continuar trilhando meu caminho e que tudo é pequeno perto da felicidade que a música me dá.

Pode faltar dinheiro, oportunidade e até CD, mas não vai faltar alegria, amor e música.
Nos vemos na terça feira!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Vivendo e aprendendo a jogar.

Hoje tive a pior notícia do ano. Lembram daquele edital do Ministério da Cultura cujo resultado eu estava esperando para esta semana ?

Pois bem, a história é a seguinte: tudo começou em janeiro, quando comecei a procurar festivais internacionais de música para me inscrever. Eu sempre sonhei em sair do Brasil para fazer música por aí, em qualquer lugar. A grande maioria dos festivais já estava com as inscrições encerradas ou não tinha espaço para inscrição de novos artistas... mas continuei procurando até encontrar o Bucharest International Jazz Competition. E, na maior alegria, me inscrevi. Logo no começo, já passei por alguns percalços - o mais engraçado foi ter que pagar uma taxa de módicos R$150 para transferir 100 euros para a Romênia, o que acabou me custando uns R$500,00 no final das contas...

E qual não foi a minha surpresa em fevereiro ao receber a notícia de que eu fui selecionada para participar do festival! Entre inscrições de mais de 30 países, euzinha fui escolhida para ser a única representante do Brasil em 18 anos de festival... fiquei felicíssima, mas logo veio o proximo obstáculo: como pagar uma viagem para 6 pessoas (eu os meus queridos músicos, Os Coringas)? Quando fui ver o preço das passagens + estadia, vi que a viagem custaria pelo menos R$20.000,00.

Eu já estava cogitando pedir um empréstimo no banco, jogar no bicho e até vender um rim, quando veio a notícia de que o Ministério da Cultura iria abrir o Edital de Intercâmbio Cultural, que patrocina viagens de artistas brasileiros. Tratei logo de me inscrever, e aí começou de verdade a minha novela.
Entre 8 de março (data da minha inscrição) e 17 de abril (data da divulgação do resultado), eu liguei para Brasília pelo menos umas 15 vezes. O processo foi demorado, não havia previsão de divulgação de resultado e o festival na Romênia estabeleceu um prazo: 17 de abril.

Até ontem eu não sabia se o resultado sairia hoje ou não. Mandei um email para a Romênia explicando a minha situação e pedi mais três dias de prazo, porque eu ainda aguardava a resposta do governo brasileiro. Muito simpáticos, responderam que me dariam mais três dias e que desejavam sorte no meu processo.

Pois bem, depois de 4 dias seguidos olhando no Diário Oficial da União à procura do resultado da fase de seleção, hoje estava lá registrado o que eu tanto temia. Depois de tanto esforço, stress e esperança, meu projeto ficou em primeiro lugar na lista de espera por um décimo. UM DÉCIMO.

Liguei pela 16a. vez para Brasília perguntando o que era a lista de espera. Caso alguém seja descuidado o suficiente para enviar uma documentação errada ou seja maluco o suficiente para desistir de receber dinheiro do governo, eu recebo o patrocínio - o que é muito pouco provável.

Hoje com certeza está sendo o dia mais difícil do ano. Receber essa notícia a exatos 7 dias de distância do lançamento do disco é péssimo. Dá uma sensação de derrota antes mesmo do jogo começar.
É muito difícil ver meses de esforço, preocupação e trabalho coroados assim... com absolutamente nada.

Além da decepção de não ter meu esforço premiado, fica o gosto ruim de viver em um país em que há pouquissimas oportunidades na área cultural - e quando você consegue uma oportunidade incrível de levar a música do seu próprio país a lugares onde a cultura é valorizada, a resposta é não.

domingo, 15 de abril de 2012

O músico e a jukebox - um manual básico.

No post de hoje vamos aprender as diferenças básicas entre um músico ou grupo musical e uma jukebox. Também vamos ter dicas importantes sobre como se portar diante destas duas possibilidades de execução musical.

Para começar, uma breve explicação.

  • A jukebox é uma "máquina de música". Ela reproduz músicas escolhidas pelo cliente, que paga para ouvir seus pedidos atendidos. A máquina tem um catálogo vasto, porém, finito. Nem todos os pedidos podem ser atendidos.
  •  
  • O músico, ao contrário, não é uma "máquina de música" e sim, um ser humano. Porém, ele também reproduz músicas escolhidas pelo contratante, que também paga para ouvir o que gostaria - desde que haja um acordo prévio sobre o repertório. O músico pode ter um repertório vasto, mas isto depende de sua formação musical e de sua proposta artística para aquela apresentação. Além disso, a execução musical feita por pessoas depende do que chamamos de "pré-produção" - é necessário selecionar o repertorio previamente, escrever ou idealizar arranjos e realizar ensaios com toda a banda.

E como fazer para se portar diante de cada situação?

Bom, com a jukebox é muito simples!
1) Insira uma moeda ou ficha,
2) Escolha uma das canções do catálogo,
3) Aperte play.

Mas esteja preparado para não haver no catálogo aquela música que você queria ouvir. Esta operação pode ser repetida quantas vezes quiser, dependendo apenas do número de fichas ou moedas que você tiver.

Com o músico, é um pouco mais complicado. Para começar, é preciso haver um acordo prévio.

1) Se você tem algum pedido especial para o músico, combine com ele no ato da contratação.
2) Tenha sempre em mente que o músico é um especialista em uma certa área da música - e que ele tem o direito de escolher não atender seu pedido por uma questão de concepção artística.
3) Procure sempre um músico que tenha a concepção artística parecida com o que você deseja ouvir.
4) Na hora da apresentação, você até pode fazer pedidos. Mas lembre-se de ser educado e entenda que é possível que você ouça um "não" - e isso não significa que o músico esteja sendo mal educado, ele simplesmente não está preparado para atender ao seu pedido.
5) Se fizer pedidos, não vá até a beira do palco gritar com os músicos, não tente falar com os músicos durante uma música, não puxe os músicos pelo braço. Usar um guardanapo de papel com o pedido escrito é cafona, mas é  mais discreto.
6) O tempo de apresentação não é infinito, pessoas têm uma produtividade física limitada em relação às máquinas. Isto também deve constar no acordo prévio.
7) Atenção ao fato de que se você está pagando, você não é dono das pessoas. O dinheiro não dá direito a desrespeitar os profissionais que você contratou e que certamente estão se empenhando em te atender.

O mais importante é entender que a música ao vivo exige preparação e que fazer pedidos na beira do palco pode ser extremamente deselegante. Um exemplo que ilustra isso muito bem: se no jantar da festa está sendo servido um risoto, você não vai pedir ao garçom em altos brados para lhe trazer sushi. A cozinha não preparou isto porque não foi combinado previamente e porque o cozinheiro contratado é especializado em outra área culinária. Por que tentar fazer a mesma coisa com o músico?

Espero que este pequeno manual tenha esclarecido algumas questões! Até a próxima.


sábado, 14 de abril de 2012

Quando você "for famosa"...


Só hoje três amigos fizeram o tradicional discurso "quando você ficar famosa, não se esqueça de mim"!

E ultimamente, tenho ouvido muito isso das pessoas. Acho que esse é o jeito carinhoso dos amigos dizeram que eu sou importante pra eles e que acreditam muito na minha realização profissional e, por este apoio fenomenal, eu sou muito grata!

Mas eu estou aqui para dizer que acho que quando eu "for famosa" é que vou ter tempo de lembrar das pessoas. Acompanhe meu raciocínio: enquanto eu não sou ninguém (como, por exemplo, neste exato momento) eu sou minha própria produtora e estou ocupada com absolutamente TODOS os assuntos que envolvem a minha carreira artística. Além disso, como a minha carreira artística ainda me dá mais custos do que lucros, tenho que trabalhar como professora para sustentar meu sonho de cantora.
Portanto, no momento, eu trabalho por três - a professora, a produtora e, quando sobra tempo, sou a cantora.

Meu objetivo no futuro (quando eu "for famosa") é ser apenas cantora. E, assim espero, quando eu não for nem produtora nem professora, terei mais tempo para ser amiga, irmã, filha e namorada. É possível que eu passe mais tempo viajando e fazendo shows nos fins de semana- mas não isso não é problema, porque seria uma alegria receber todos os amigos no camarim e fazer a maior festa!

ps: "ser famosa" não está entre aspas à toa. Até porque, hoje em dia, Ex-BBB além de "famoso" é "artista", então há que se tomar cuidado com o uso dessas terminologias ...
ps2: acho que as pessoas acreditam mais que eu "serei famosa" do que eu...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Gente.

Este ano está sendo um aprendizado incrível para mim na questão das relações humanas - mais especificamente as relações humanas no trabalho.

O primeiro lugar que nos prepara para o relacionamento humano é a família. No seio familiar aprendemos o que podemos e não podemos fazer em sociedade. Especialmente quando temos um irmão - porque aí sim o bicho pega! Depois, na escola, começamos a aprender como são as amizades e as relações de hierarquia - afinal, levar uma advertência da direção é bem pior do que ir parar na coordenação, o que é bem pior do que ser advertido pelo professor. E então, na faculdade (principalmente na faculdade pública), começamos a aprender como poderia ser uma sociedade anárquica - onde você faz o que quiser e depois assume as consequências da sua conduta. Se você der sorte, em algum lugar nesse caminho entre escola e faculdade, você arruma um namorado e com ele aprende como são as relações amorosas.

Mas é depois de tudo isso, no trabalho, que as pessoas realmente mostram a que vieram no mundo.
E eu vou te dizer que lidar com gente não é nada fácil. Com as experiências que estou tendo com a produção do disco, posso dizer que estou aprendendo as seguintes lições, que passo adiante como "conselhos":

1) Por mais eficiente que você seja, não espere que as pessoas te dêem eficiência em retorno. Mais do que taxar as pessoas de "preguiçosas" ou "eficientes" é preciso entender que cada pessoa tem seu tempo e ritmo de trabalho.
2) Se você está fazendo um trabalho importante pra você, saiba que terá que fazer o trabalho dos outros algumas vezes. Não reclame disso, afinal, o maior interessado é você.
3) Prazos funcionam de maneiras diversas para as diferentes pessoas. Tem gente que só funciona com prazo e tem gente que, simplesmente, não funciona. A dica é: se o prazo é dia 20, diga às pessoas que é no dia 10 e assim receberá o que precisa lá pelo dia 15.
4) Se você abre seu e-mail todo dia, parabéns. Mas nem todo mundo vai te responder no mesmo dia, na mesma semana ou no mesmo mês que você enviou a mensagem. Dê uma ligadinha despretensiosa pra saber se o e-mail chegou - e bote a culpa no Google pela sua caixa de saída estar uma bagunça.
5) Seja simpático sempre. Pessoalmente, por e-mail e até por telefone. Uma dica: assim como dá pra ouvir o sorriso do cantor quando ele grava, a pessoa que está do outro lado da linha vai perceber seu sorriso também.
6) Seja humilde sempre. Mesmo quando o erro estiver do outro lado da relação, arrume um jeito de amenizar as coisas - e se for o caso, até peça desculpas. Um bom exemplo é: se alguém fala algo errado, em vez de dizer que a pessoa falou errado, você diz que não entendeu e pede para ela falar de novo.
7) A maior e mais útil das lições: paciência e persistência andam de mãos dadas. Para todos os casos acima citados, seja paciente. Muito paciente.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Aconteceu, virou manchete.

Tudo começou com a morte da Lady Di, causada pela perseguição dos papparazzi. Desde então, virou lugar comum artista reclamando da invasão de privacidade, acrescentando-se aí o eterno debate sobre a ética na imprensa.

Tenho certeza de que não estou nem sequer perto de passar por uma situação extrema, mas já estou começando a me relacionar com a imprensa com a divulgação do CD e vivendo suas idiossincrasias.

No último mês, meu assessor de imprensa tem sido pivô de situações, no mínimo, interessantes. Por exemplo, para estar num certo programa de TV você não pode ir a outro programa antes, porque as emissoras e apresentadores rivalizam o espaço. Se você escolher um, se queima com a produção do outro. Da mesma forma, para publicar num dado espaço em um jornal, algumas vezes o editor pede exclusividade naquela matéria e fica monopolizando seu conteúdo por dias a fio... mas o mais clássico é a publicação de coisas que não foram ditas por você.

Uma das primeiras notícias que saíram sobre mim, dizia coisas que não estavam escritas no release que enviamos e informações que sequer constavam no meu site oficial ou no site oficial do Daniel, meu produtor... chegamos ao ponto de ter que ligar para o jornalista e explicar que o Daniel não foi sequestrado por um casal americano e nem é adotado - a história do sequestro está no texto de release do site dele é só uma brincadeira com sua ida para os EUA no colo da mãe, ainda um bebê.

Mas ao contrário das previsões mais pessimistas em relação aos jornalistas, tem saído bastante coisa bacana sobre mim por aí, não só nos jornais mas também em blogs especializados... esses dias um amigo das antigas me reencontrou depois de ler uma matéria sobre mim em um blog.
Loucura total né?


Pra completar a alegria, hoje recebi a visita da equipe do Programa Andante! Gravamos uma entrevista aqui em casa e acho que vai ficar super bacana. O programa vai ao ar no site da TV Uerj e na TV Alerj, sábado 14:30h.  É muito bacana essa coisa de responder a perguntas sobre você mesmo e poder falar sobre suas idéias, sabendo que isso estará registrado para a posteridade (o que pode ser um perigo também, dependendo do tipo de idéia que você defende quais são seus argumentos para defendê-la).
Assim que eu tiver a entrevista, mostro aqui pra vocês.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Unanimidade e inteligência.


Acho que todo mundo já ouviu alguém citar Nelson Rodrigues, dizendo que "toda unanimidade é burra". Gosto muito deste dizer e sou um pouco partidária esta opinião. Claro que a gente deve evitar generalizações e me alegro em poder dizer que as excessões a esta regra são sempre surpreendentes.

É sabido que quando um músico ouve música, o buraco é bem mais embaixo. Não só pela exigência com as questões técnicas que é fruto do conhecimento de causa. O ego do músico é grande parte do seu ouvido. Muitas vezes, quando um músico ouve alguém que considera inferior tecnicamente ou artisticamente, rola um "regozijo" por estar em melhores condições. Por outro lado, quando o músico ouve alguém que considera superior, pode até virar fã - mas sempre bate aquele "ciuminho" de não ter atingido aquele nível. Obviamente, as comparações são bem piores quando se tratam de músicos que disputam o mesmo espaço, ou seja: uma cantora tem muito mais ciúme de uma grande cantora do que de um grande saxofonista, por exemplo.

Sei que existem músicos benevolentes, pacíficos, amorosos e que querem somente compartilhar a sua música. Mas a competição faz parte do nosso meio e eu acho que ela faz crescer, sempre. Se não fosse a competição entre músicos, não haveria Pet Sounds nem Sargent Pepper's Lonely Heart Club Band, dois álbuns memoráveis de bandas "rivais".

Perdi esse tempo todo falando sobre rivalidade porque, para mim, a questão da unanimidade tem muito a ver com isso. Primeiro, porque o que é unânime não tem rival. Segundo, porque eu sou o tipo que sente "ciuminho" das unanimidades. Sempre que leio por aí na imprensa especializada muitas matérias sobre alguém novo que é considerado "a melhor banda de todos os tempos da última semana", tenho uma implicância das boas. Sei que apesar da mudança de cenário na música, com a força das produções independentes e dos públicos alternativos, ainda tem muito dedo de gravadora na hora de escolher o que ouvimos e o que é considerado (como minha irmã diz) o último grito da moda.

Quando ouvi falar do Criolo pela primeira vez, minha rabugice falou alto. O cara foi citado pelo Chico Buarque (outra unanimidade) em um show e se tornou o mais novo gênio do cenário musical. Apesar da minha implicância, fiz questão de ouvir o disco inteiro para comprovar se essa não era mais uma daquelas mentiras contadas muitas vezes até se tornarem verdade ou se o cara era tudo isso mesmo.

E qual não foi minha surpresa ao ver que ele realmente tem muito conteúdo? Achei um intérprete versátil, um disco muito bem produzido, com referências musicais e textuais que remetem a coisas que acho muito inteligentes e importantes. Eu sempre fui fã do Gabriel o Pensador e desde que ele parou de produzir discos, me senti meio órfã. O Marcelo D2 nunca preencheu essa lacuna porque apesar de sua "busca pela batida perfeita" ser uma empreitada louvável, acho seu discurso muito monotemático. O fato é que o Criolo me ganhou com o groove da primeira faixa do disco e terminou de me conquistar falando mal de São Paulo. Depois vi alguns vídeos ao vivo, e acho que ele pode melhorar como cantor (só pra não deixar o ciuminho totalmente de lado) - mas o disco é primoroso.

No final das contas, fico feliz em saber que unanimidade pode estar aliada à inteligência. Afinal, quando num futuro muito distante eu for uma unanimidade, eu não vou me achar burra.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Depois da morte, o desespero.

Ontem meu pai me ligou preocupado depois de ler o último post, em que debati a questão da morte. Pode parece que as coisas por aqui estejam ficando muito heavy-metal , mas tem sido mesmo um período duro pra mim. Quero que todos saibam que eu continuo sendo uma pessoa muito feliz e realizada com este projeto. Pensar sobre o medo da morte e conversar com meus leitores invisíveis sobre isso é saudável, importante e significa que, se eu consigo falar sobre isso, eu não tenho tanto medo assim, no final das contas.

Mas não pense você que agora tudo já são flores. Abril é um mês em que muita coisa está para se resolver. Talvez acabe se tornando o mês mais decisivo de todo este ano. Vocês não sabem, mas além do show de lançamento do disco - que é um fato que por si só já poderia estar me deixando de cabelo em pé- estou trabalhando como produtora em dois projetos que serão inscritos em editais de patrocinio das Secretarias de Cultura do estado e município do Rio de Janeiro. Como se esse corre-corre não fosse suficiente, ainda sou professora de canto e professora de música em escola regular. Mas a cereja do bolo é um patrocinio que estou esperando do Ministério da Cultura - que tem me enlouquecido completamente, por estar relacionado a uma oportunidade que eu considero importantíssima na minha carreira.

O fato é que no dia 24 de abril, eu não terei apenas o lançamento do meu disco. Terei respostas sobre perguntas importantes relacionadas ao meu futuro e terei dois projetos concorrendo a importantes patrocínios.

Como não poderia deixar de ser, eu acabei ficando doente com toda essa ansiedade. Meu sistema digestivo deu um nó daqueles e eu tive que passar a Páscoa sem chocolate. Isso mesmo: chocolate -aquela doce gostoso que dizem que faz bem para aplacar a ansiedade. E cá estou eu sofrendo pela impossibilidade de acesso ao antídoto. Mas não é de hoje que eu tenho difícil acesso à cura dos meus problemas. Pasme: eu sou alérgica a Polaramine, um conhecido anti-alérgico. Daí já dá pra ver como funcionam as coisas comigo, né?

Enfim, acho que de todos os males, a ansiedade é o pior. Sei que muitas coisas não dependem de mim e sei que, enquanto dependiam, fiz o meu melhor - e que já tivemos esse papo aqui no blog, sobre deixar as coisas acontecerem sem a nossa interferência.

Mas eu não consigo só esperar e acabo desesperando.



quinta-feira, 5 de abril de 2012

A morte.

Ultimamente a morte tem sido uma questão muito presente nos meus dias. Acho que tudo começou com a história do acidente de ônibus que me fez refletir bastante. E aí, o assunto não saiu mais da minha cabeça. 
E justamente na véspera da Páscoa, onde, ao contrário do que você poderia pensar sobre chocolate, se celebra a Ressurreição de Jesus, venho aqui escrever sobre isso... só que ao contrário.

Na ultima semana sonhei que um médico (que, a propósito, era um padre japonês) me dizia que eu ia morrer no ano que vem. E eu ficava desesperada enquanto ele dizia sorrindo que eu já tinha cumprido meu papel na Terra e que era uma notícia boa, porque eu ia finalmente ia me livrar dos compromissos da vida.

E não é que bateu um baita medo de morrer? Eu nunca fui uma pessoa pessimista, mas por trás desse jeitão de durona, eu sou uma grande medrosa. Depois do sonho, tratei logo de recorrer aos livros e sites de interpretação de sonhos. E em todos eles consta que sonhar com a morte tem um sentido de renovação da vida, de recomeço. E mais: morte mesmo é quando você sonha com dentes... vai saber! 

Apesar de achar esses livros tão confiáveis quanto livros com significados de nomes de bebês -porque, afinal, quem tem o filho e quem tem o sonho é que sabe o real significado da coisa para sua própria vida - eu decidi me contentar com esta interpretação para não pirar de vez.

Depois de passar da fase do pânico e raciocinar bastante sobre o meu medo, tenho percebido que a morte que eu temo é uma morte simbólica.  Tenho medo mesmo é de morrer na praia, depois do esforço que estou tendo em lançar minha carreira como cantora. Tenho medo de estar investindo todo o meu tempo em algo que não vai dar certo. Tenho medo de ter de me contentar com uma vida que não quero pra mim, e que seria a mesma coisa que morrer. Tenho medo desta felicidade toda acabar em nada.

Essa história de sonhar é fogo - nos dois sentidos: sonhar ao dormir e sonhar fazendo planos. 
É um negócio muito arriscado, porque a gente sempre encontra um jeito de sonhar outra coisa, num ciclo que tem tudo para ser vicioso, se não for virtuoso. Quando sonhamos em realizar algo e conseguimos realizar este sonho, a sensação da conquista é tão gratificante que logo arrumamos outro sonho pra realizar. E assim vamos nos metendo nas maiores enrascadas para conseguir o que almejamos - mas assim vamos aprendendo muito também.

Já disseram que "o medo de amar é o medo de ser livre". E eu completo: só tem medo de morrer quem gosta muito de viver.