quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cantando pra viver.


Muita gente não sabe porque Santa Cecília é a padroeira dos músicos. Ela viveu nos tempos em que os católicos ainda eram perseguidos em Roma e quando condenada a morte, cantou para viver - e sobreviveu durante três dias com feridas mortais, antes de morrer. Hoje é dia dela e, portanto, dos músicos.
 
Este dia funciona um pouco como o Natal pra mim. Fico pensando na escolha dessa profissão, nas dificuldades e alegrias... e ouço mentalmente a voz da Simone cantando: "Então, é Dia do Músico... e o que você fez?".
 
Ultimamente tenho tido muitas questões em relação a minha indepêndencia financeira, na eterna dúvida entre fazer o que amo e ganhar dinheiro. Tem sido um embate muito profundo dentro de mim. Afinal, nós artistas estamos neste mundo para fazer algo sublime, encantando a vida das pessoas... por que é que a gente vive falando de dinheiro?
 
A resposta é simples: se ganhar dinheiro fosse natural da nossa profissão, a gente nunca teria esses debates.
 
É muito ruim constatar o fato de que hoje em dia não consigo sobreviver do trabalho que amo fazer. Tanta gente aí com preguiça de estudar, de trabalhar. E a gente aqui querendo só um pouquinho de reconhecimento... que na carreira de todo músico demora taaaaanto pra vir.
 
Mas, sei que a estrada é longa e me lembro do livro "Cartas a um jovem poeta", de Rainer Maria Rilke, que sempre é reconfortante pra mim: "Ser artista significa: não calcular nem contar; amadurecer como uma árvore que não apressa a sua seiva e permanece confiante durante as tempestades de primavera, sem o temor de que o verão não possa vir depois. Ele vem apesar de tudo. Mas só chega para os pacientes, para os que estão ali como se a eternidade se encontrasse diante deles, com toda a amplidão e a serenidade, sem preocupação alguma. Aprendo isto diariamente, aprendo em meio a dores às quais sou grato: a paciência é tudo!"
 
E neste dia do músico, desejo que todos aprendamos essa lição.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O gênio que eu quero ser.

Sei que em outro post, no qual eu debatia a visão jurídica a respeito da profissão de músico, eu falei que o papo da "genialidade" deveria ter morrido junto com Beethoven, o maior músico marketeiro de todos os tempos.
 
Mas hoje estou aqui para me contradizer.
 
Ontem fui ao show do Lenine, que está lançando o novo trabalho dele, "Chão". Já fui a três shows do cara, já ouvi todos os discos e sou bastante fã. Mas, como os shows eram sempre naquele clima mais quente, não pude ter antes a visão que ficou clara para mim só ontem.
 
Ao contrário de tudo o que eu possa ter dito antes: Lenine é gênio. E digo mais: o gênio que eu quero ser.
 
Afinal, pra mim, ele é o pacote completo. Grande compositor, tanto nas letras quanto nas melodias e harmonias. Grande intérprete, que domina tanto a voz, quanto o violão - instrumento através do qual ele imprime uma marca inconfundível. Além de ter um timing incrível para montar o repertório dos shows e de ter discos que são obras completas - e de fazer tudo com uma qualidade técnica impecável, tanto no processo de gravações quanto nos shows.
 
Mas o que o Lenine realmente tem de especial é dominar o conceito da sua própria arte. Ouvindo os discos na ordem cronológica dá pra perceber que ele quer chegar a algum lugar, que ele está burilando sua arte, correndo atrás de um objetivo estético - em vez de fazer uma sequência de trabalhos sem qualquer relação entre si.
 
E, pelo show de ontem, deu pra ver que ele está chegando lá.
 
E é nisso que reside sua genialidade: uma busca profunda, sem pressa, sem medo. E é assim que eu gostaria que fosse a minha carreira.
 
Pra terminar o papo, Lenine cantando uma composição do meu amigo Vinicius Castro, para a campanha nacional "Ser Diferente É Normal".
 
 
 
 
 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Amor em SP.

Muitos amigos ficam chocados quando eu digo que nunca passei muito tempo na terra da garoa. As duas vezes em que passei por lá, estava em turnês do Coral São Vicente a Cappella, do qual fiz parte por seis felizes anos.

Estive lá para cantar e só. Pá, pum.

E desta vez não vai ser diferente. Na quinta feira eu viajo para fazer minha estréia em São Paulo, lançando o Breve Leveza por lá. E volto logo na sexta, porque aqui na cidade maravilhosa a vida e o trabalho continuam a pleno vapor.

Embora seja uma visitinha rápida à Sampa eu estou muito ansiosa. Não só pela grande estréia, mas porque considero este show tão importante quanto o primeiro lançamento que fiz, em abril, no Oi Futuro de Ipanema. E por dois motivos. Primeiro, porque o lugar onde vamos fazer o show é reconhecido por músicos de todo o país como uma casa de excelência.

Mesmo entre o grupo de amigos músicos que se juntam para "malhar" sem o menor pudor aquelas casas de show que não têm respeito pelos artistas, os teatros do SESC de São Paulo estão sempre na "lista branca". Equipamento de qualidade, equipe técnica responsável, cachê respeitoso e um público cativo. Espero não frustrar minhas expectativas em me apresentar neste lugar tão elogiado.

E o segundo motivo, razão da minha maior expectativa, está no público. Vou rever amigos que saíram daqui para lá, a começar pela grande pessoa que está sendo o produtor local deste show, o Vicente Reis. Nós cantamos no supracitado (ai, que palavra jurídica!) coro São Vicente a Cappella... e ele esteve comigo nestas tais viagens a São Paulo. E além dele, colegas dos tempos do colégio, que hoje são adultos crescidos e bem sucedidos por lá.

E o mais legal é que vou ver muita gente pela primeira vez ao vivo. Entre estas pessoas estão três que eu gostaria de citar, mais especificamente.
A primeira é o Diogo Batalha... nos conhecemos pela internet (sim!) no início dos anos 2000... e sempre nos correspondemos. A vida fez e aconteceu, e ele também é um dos responsáveis por este show estar acontecendo.
(A gente já se viu umas duas vezes, e só. Vai ser como se fosse a primeira de novo!)
A segunda pessoa é a Renata Damico, uma "fã" (se é que posso chamar assim, já que eu não estou com essa bola toda) que desde o começo curtiu meu trabalho na internet e graças ao apoio que ela vem dando, ganhou CD autografado e tudo. E vai receber o CD no palco, só pra rolar um mico de promoção.
E a terceira pessoa é o Di Pietro Lavanini, do site especializado em música Jardim da MPB. Ele conseguiu a proeza de me entrevistar sem sequer ter me visto e me dá o maior apoio divulgando o meu som!

Deixo vocês com a entrevista para o Jardim da MPB e com a promessa de postar fotos com estas pessoas queridas!


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Vamos falar de números?

Há quem diga que músico não leva jeito pra matemática e há quem diga que música e matemática têm tudo a ver - que o digam os compositores do dodecafonismo com sua fixação por séries de fibonacci e proporção áurea (se você não entendeu nada, procure saber).
Mas tenho procurado acompanhar os números do lançamento do meu disco pela internet, e tenho ficado feliz com o resultado.

Este blog que você lê já teve pra lá de 6.000 visitas. Meus vídeos no Youtube já somam mais de 30.000 visualizações. No Facebook são 1.200 seguidores compartilhando meus posts. E no Soundcloud são mais de 4.000 audições das minhas músicas.

Estes números com três dígitos até que são pouco para meus objetivos. Nos dias de hoje tem muita gente aí que num espirro me ultrapassa em quantidade. Mas são bastante para quem começou agora e tem só sete meses de divulgação.

Fico pensando na quantidade de pessoas que já ouviu minha música. E agradeço bastante a esta dádiva da internet. Fico pensando também no esquema das "fichinhas de telefônicas" do Francisco, pai da dupla Zezé e Luciano. Quantas foram as pessoas que ligaram pra rádio para pedir "É o amor"? Ñão me lembro exatamente se no filme essa quantidade aparece.
Mas eu me pergunto: quantos views são sinônimo de sucesso?

Espero que não custe a ter números de cinco dígitos. Mas aí eu vou estar querendo milhões.

E o último video a bater os 1000 views! Quebrupasso ao vivo!


sábado, 4 de agosto de 2012

Talento, pra mim, é chocolate!

Nos preparativos para o meu primeiro show em São Paulo, estou envolvida também com a burocracia da OMB. Para quem não sabe, para a realização de show as casas mais sérias (como o SESC) pedem uma nota contratual da OMB - visando proteger os direitos dos músicos em receber seu cachet. Isso não é nada que a gente não resolva, mas me incitou a trazer a tona aqui no blog a difícil questão da OMB.

Existe uma discussão muito profunda acerca da existência deste órgão e acho que ela está sendo levada para o lado errado. Os músicos estão lutando para exercer a profissão livremente - isso significa, sem a obrigatoriedade de filiação a Ordem dos Músicos do Brasil. Mas eu vejo duas coisas muito erradas no discurso.

A primeira é a história de que a OMB tem que acabar. As pessoas (principalmente os músicos e juristas envolvidos na discussão) não entendem que a existência da OMB e do Sindicato visam a proteção aos músicos... e se acabarem estes órgãos, seria um retrocesso tremendo em relação as conquistas trabalhistas da regulamentação da profissão de músico. A OMB tem sim é que ser reformulada, totalmente.

Começando pelo exame que é aplicado para a obtenção da carteira. Os critérios para auferir se alguém é músico profissional têm que ser muito mais sérios, nos âmbitos técnico e artístico. Sei que o que delimita um músico profissional de um músico amador é uma linha muito tênue e que tem mais a ver com o dia-a-dia da pessoa do que necessariamente com a sua qualidade de execução musical. Porém, se a prova da OMB aumenta o nível de dificuldade, tenho certeza de que o nível da classe é fortalecido como um todo. O ideal seria que o candidato precisasse, no mínimo, se preparar pra fazer a prova - que não acontece na atual gestão.

Outra questão precária são os benefícios que a OMB deveria oferecer, mas que disponibiliza para os músicos do jeito mais capenga possível. Um exemplo trágico é a assistência médica. A OAB, por exemplo, tem convenios com bons planos de saúde para seus associado, entre outros benefícios. A OMB dá atendimento médico em um dia da semana específico com um médico no Rio de Janeiro. Ou seja, passou mal fora do dia específico do atendimento, azar o seu.

Sei também que por trás das eleições na OMB existem muitas falcatruas, mas eu não estou aqui para fazer acusações. Prefiro me ater aos casos que eu conheço de verdade.

Por fim, o outro lado do discurso que me irrita muito é a questão do talento. Esse papo de que o músico é uma pessoa tocada por Deus e que tem um talento sublime já deveria ter morrido junto com Beethoven, que foi o rei do marketing pessoal e fez o nome em cima dessa história.

É claro que o músico tem que ter aptidão para a arte. Não há dúvidas. Mas o médico também tem que ter um talento especial para curar as pessoas, que vai além do preparo técnico. E assim é em toda profissão. Se você não leva jeito pra coisa, um abraço!

A ministra do STF Ellen Gracie, que é relatora do processo que discute o tal livre exercício da profissão, declarou que “A música é uma arte, é algo sublime, próximo da divindade. Tem-se talento para a música ou não se tem”. E ainda completou dizendo que ela mesma, não tem talento algum.
Mal sabe ela que provavelmente se acha incapaz de fazer música porque não teve educação musical na escola - mas isso é outra discussão mais profunda ainda...

Pra terminar: eu acho esse discurso um saco! Afinal, se estamos tão próximos da divindade assim, porque é que ganhamos tão pouco, tão mal e sem perspectiva nenhuma de futuro?

Se os músicos são semi-deuses nestas condições, o que não faríamos se resolvêssemos ser juízes do supremo...

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Oh, Minas Gerais!

Faz um mês que eu decidi embarcar na empreitada mais ousada de toda a história do lançamento desde disco. Conversando com amigos músicos, fui muito incentivada a fazer shows fora do Rio e logo tratei de executar o plano de me apresentar em outras terras.
Liguei pra BH e consegui marcar um show no respeitado espaço do Palácio das Artes, na Sala Juvenal Dias que me pareceu do tamanho ideal para o perfil do meu show.
E a partir da marcação do show, começaram as semanas de maior tensão do ano. Afinal, eu estava dando um tiro no escuro. Marquei um show sem ter garantia nenhuma de nada, mas tratei de fazer meu trabalho bem feito.
Comprei passagem, reservei hotel, van, aluguei som, garanti a alimentação dos músicos e comecei a fazer minha própria assessoria de imprensa. E na última coisa, da qual eu esperava menores resultados, tive um saldo bastante positivo. Foram duas entrevistas na Rádio Inconfidência (a estação que promove música brasileira de alto nível em BH),  matérias e notas em jornais impressos e on-line como O Tempo, Hoje em Dia, Veja BH e Estado de Minas, além da divulgação em sites de eventos como o Sou BH.
Pois bem, o terreno estava preparado.
Chegamos lá e tudo correu muitissimo bem. A viagem foi tranquila, o dia estava lindo, fazia sol (ao contrario do frio que era prometido) e tudo correu dentro do horário previsto.
Mas, como existe o imponderável, a Parada Gay de BH aconteceu exatamente no dia, horário e na rua onde seria meu show. Resultado: trânsito, caos urbano e grande parte do publico teve dificuldades em chegar. Porem, não foi isso que estragou nossa alegria em estar no palco e fizemos um dos nossos melhores shows!








Pra completar a alegria, foi o primeiro show assistido pelo Daniel (produtor do disco, lembram dele?). Ele veio passar ferias no Rio e calhou de estar por aqui na época do show. Foi muito bacana poder mostrar a ele o resultado do nosso trabalho ao vivo pós-gravação - e ainda tivemos a sorte de tê-lo como técnico de som... o que melhorou muito as  nossas condições de trabalho!

Próximo passo: Teatro Café Pequeno!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Começaria tudo outra vez

Aposto que depois do último post, está todo mundo pensando que eu estou cabisbaixa por aí, reclamando da vida de artista independente. Ledo engano! Hoje estou mais serelepe do que nunca.

Como eu já disse no post anterior, é sabido que dias de calmaria se alternam aos dias de vendaval. E tenho certeza de que essa coisa toda não seria tão emocionante se não fosse esse eterno pêndulo entre sim e não. Mas nesta semana tive alguns resultados positivos que me alegraram demais. Ouso dizer que estou tão feliz hoje quanto eu me sentia no primeiro dia de gravações do disco.

A primeira grande alegria foi participar do show do Sargento Pimenta na Fundição Progresso, ao lado de taaaantos amigos! De quebra, conheci o Pedro Luis, artista que admiro demais e que é gente finíssima e me contou que ouviu o CD que eu dei pra ele e curtiu!


E pra completar a alegria, a agenda de shows está lotada até setembro. Todos os shows produzidos e marcados por mim mesma, com muita correria, burocracia e esforço, além do auxílio de pessoas boníssimas que encontrei pelo caminho. Acho que conseguir produzir estes shows de lançamento é uma vitória tão grande quanto ter produzido o disco. Arrisco dizer que é uma empreitada até mais difícil.
Afinal, no estúdio, com bastante planejamento e bons ensaios, você até consegue controlar o resultado. Mas, na hora que o disco sai por aí pra ganhar o mundo é que o bicho pega. Você tem que contar com a boa vontade e competencia de pessoas que, em sua maioria, você nunca viu na vida. (Por exemplo, apesar de eu ter um assessor de imprensa maravilhoso, não saiu nenhuma crítica do disco - todos os lançamentos de grandes gravadoras (que ainda existem) entraram na fila e passaram minha frente ne ?).  E também tem que contar com o disco, porque, afinal, se o contratante não gostar do som, nada feito.
E foi na total cara de pau e confiança no meu som que eu conquistei coisas importantes. Pra começar, passei no edital do Circuito das Artes, da Secretaria de Cultura do RJ. Com o auxílio luxuoso de Drica Voivodic (uma expert nos projetos), conseguimos uma aprovação que vai patrocinar três shows no interior do estado, e vai me dar a oportunidade de voltar a São João da Barra, lugar onde meus avós se casaram e onde meu pai nasceu.
Depois, consegui dois feitos que eu considero tremendos! Marquei um show em BH em julho e um em São Paulo, em agosto. Tudo na base do telefonema corajoso e no lema "Google é meu pastor, nada me faltará".  Pesquisei quais eram os lugares bacanas para me apresentar nestas cidades, passei a mão no telefone, catei o email dos produtores e mandei o material.
E qual não foi minha surpresa em ter respostas positivas dizendo: "Gostei. E aí, vamos marcar?".
Sendo eu uma artista independente, desconhecida e minha própria produtora, estes shows não são fruto da indicação do poderoso-não-sei-quem ou do conxavo e lábia do meu "produtor" pra cima de não-sei-quem-mais. O pessoal ouviu, gostou e pronto.
Nada pode ser mais reconfortante do que saber que o meu som basta para conseguir agendar shows. E hoje, com todos estes resultados tão bacanas, olho pra trás e afirmo sem sombra de dúvidas que começaria tudo outra vez. Em setembro terão sido 11 shows em 5 meses. Parece bom, né?
Agora, resta saber como o público de cada cidade que vou visitar vai reagir! Mas isto com certeza será tema de próximos posts... enquanto isso, vou me preparando para a Expedição BH !

Em breve, mando notícias.

 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Eu quero a alma de um cantor de bar vazio...

Tenho estado muito animada por todos os shows que tenho na agenda e pelo relativo sucesso que estou tendo na empreitada de lançamento deste primeiro disco. É claro que nem tudo são flores e volta e meia bate um pessimismo porque nem sempre o esforço que eu invisto na produção dá o retorno que eu esperava.

Pois bem, hoje cantei no Sergio Porto pela primeira vez, depois de ter cantado na semana passada no Centro de Referência da Música Carioca. 

O show tinha tudo pra "bombar"... uma casa ótima, na Zona Sul do Rio, sexta feira a noite, uma lista amiga que não parava de crescer. 

E eis que estiveram presentes cerca de quarenta pessoas.

Pra muitos isto pode ser considerado um fracasso, mas é uma cena comum na luta do artista independente. E não tem nada a ver com o preço, o horario, o lugar ou o som do artista ser um saco - e eu não tomo isso como ofensa, nem me sinto diminuída.

Pelo que vejo, no Rio de Janeiro, isso é falta de costume. O carioca não tem o costume de ir aos lugares para conhecer coisas novas e consumir cultura sem ser na onda das "modinhas". Se é de graça, na rua, tem cerveja e gatinhas, a galera ouve até Bach.

Mas, não estou aqui pra ficar reclamando disso. Voltemos ao tema: o fato é que depois do show saímos todos para comer aquela pizza entre amigos e os musicos começaram a debater justamente esta questão do show vazio.

Calculando friamente, realmente é mais facil alcançar muito mais pessoas (e a um custo muito mais baixo) através da internet. É só produzir um conteúdo bacana e divulgar. E tenho visto cada vez mais pessoas fazerem isso muito bem. 

Mas eu não acho que show serve só pra divulgar. Nem serve só pra vender disco. Nem serve só pra formar público.
Foto de Julia Guimarães 


Eu faço show pra mim. Faço show porque preciso cantar. Preciso estar rodeada de gente conhecida e gente que nunca viu. Preciso ganhar abraço e parabéns no final - e até comer a pizza entre amigos.

O show não é o início, o fim, nem o meio. O show é um momento de aprendizado e experiência necessário na carreira de qualquer artista. E por mais que haja alternativas excelentes de interação com o público (como este papo que estou tendo com vocês agora), nada substitui a presença.

Por fim, encerro citando meu amigo e compositor Vinicius Castro, que por acaso estava comendo pizza comigo depois do show, e discutindo o mesmo assunto: 
"Quero a alma de um cantor de bar vazio que insiste em cantar."



quinta-feira, 14 de junho de 2012

Meu primeiro clip!

Foi-se o tempo em que o Disk MTV era o programa mais assistido por mim na TV. Eu chegava do colégio doida pra assistir aos clipes que estavam na "parada de sucessos" e meu sonho era ser VJ - afinal, todos eles eram jovens, bonitos, descolados e se portavam bem como ninguém diante de uma tela verde com projeções louquíssimas.

E não era só este programa que fazia parte da minha programação preferida. Eu adorava o "Piores Clipes do Mundo" (época áurea do Marcos Mignon na TV) e mais tarde, também passei a assistir ao "Top Top". E em todos estes programas, o foco era o clip!

Diferente das superproduções protagonizadas por cantores como "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura" e os clássicos filmes dos Beatles, o clip é um formato de vídeo mais acessível e uma forma mais rápida de chegar ao lar de cada fã. Mas o que mais me atrai na idéia do clip é a possibilidade de interpretar uma canção de uma forma que seria impossível durante um show ao vivo. O clip é a chance de transformar sons e palavras em imagens - e isso dá muito pano pra manga!

Não sei como anda a MTV atualmente- afinal, na minha TV ultimamente só tenho tido tempo de assistir aos clássicos episódios de Friends reprisados pela milhonésima vez na Warner- mas sei que muita coisa mudou depois que os clips passaram a ser lançados na internet e agora correm o mundo a uma velocidade assombrosa.

E não é que depois de sonhar em ser VJ, eu me aventurei a ser estrela de um clip?
Eu tinha uma música gravada no disco que fala sobre uma caminhada, uma pessoa em busca de suas origens e que remete ao amor pelo nosso país- o que facilitou a criação de uma narrativa visual simples e completa. Eu tinha um amigo talentoso e profissional, disposto a entrar nesta empreitada comigo. Eu tinha um carro para ir a Maricá. E foi assim que fizemos.

Fotos do making of:
(Sidney Dore e Ricardo Pentagna)

(Yuri atacando de assistente de produção)

(Luiza Sales, sombra e água fresca)

O resultado foi o clip de "Simples Baião". Dirigido por Ricardo Pentagna, com a assistencia de Sidney Dore e montagem de Alan Ribeiro (além da presença constante do meu Yuri Villar fazendo toda a produção possível e impossível) e como tudo na produção deste trabalho, ele foi feito em tempo record: filmado em apenas um dia!

Muita gente perguntou sobre a locação. Esta paisagem incrível fica a apenas 1h de carro do Rio: a Restinga de Maricá. Um lugar que tem sido o foco das atenções de diversos grupos ambientalistas, por ser um ecossistema rico que precisa de cuidado antes que seja completamente destruído pelo homem. Que nestas lindas imagens, aliadas à letra da música, fique registrado o alerta.

Com vocês, meu primeiro clip! Assitam em HD!





sábado, 2 de junho de 2012

Canta, canta minha gente!

Esta semana trabalhei demais. Além das aulas regulares e de novos alunos de canto, tive ensaios... muitos ensaios! Todos para participar de um projeto incrível, já pela segunda vez.

O Brasil Vocal é um evento realizado pelo CCBB do Rio de Janeiro e é o melhor espaço que a música vocal tem por aqui na atualidade. Já falei por aqui que minha formação musical teve parte em orquestras e no estudo do violino, mas para quem não sabe, eu também sou cria da música coral.

Com 8 anos entrei no Coral do Colégio Zaccaria e depois participei do São Vicente a Cappella, onde vivi 6 dos melhores anos da minha vida. O primeiro grupo vocal do qual fiz parte foi o saudoso Conversa Fiada, quando eu tinha 14 anos. Depois, comecei a dirigir e fazer arranjos para o Cantaventos, grupo com o qual tive uma história feliz e com algumas conquistas bem bacanas, para um grupo com integrantes de idade entre 15 e 17 anos... no final das contas, cheguei ao Ordinarius, grupo que hoje tenho a alegria de produzir também, na preparação para o lançamento do nosso primeiro CD (que chega ainda esse ano!).



Pois bem, voltando ao evento de hoje, além de oferecer oficinas, palestras e uma série de shows de grupos vocais super bacanas de todo o país, o Brasil Vocal promove dois concursos: o de arranjo vocal e o de grupos vocais.

Ano passado, fiz parte do grupo de cantores contratados para cantar os arranjos concorrentes na etapa final do concurso. Foi uma experiência incrível, onde pude conviver com cantores que admiro e que tenho a sorte de chamar de amigos. Este ano, além de participar de novo como intérprete dos arranjos escritos por músicos de todo o Brasil, vou participar do concurso de grupos vocais com o Ordinarius. Uma dobradinha que me deu muita alegria mas também muito trabalho nas últimas semanas!

E no Ordinarius, ainda tivemos dobradinha nos arranjos, porque Augusto Ordine e André Miranda, que são cantores do grupo, também participam como arranjadores concorrentes! Uma felicidade só.

Hoje tem a final do Concurso de Arranjo e amanhã a final do Concurso de Grupos Vocais.

Que tal aparecer por lá? Às 19h no Auditório do CCBB!

Para conhecer melhor o grupo vocal Ordinarius, visite: www.ordinarius.com.br






sábado, 26 de maio de 2012

Por todo o canto.

Todo mundo sabe da importância de se ter pessoas que dêem bons exemplos por perto, principalmente durante a infância e adolescência - porque nesse começo de vida a gente molda o caráter, faz escolhas importantes e começa a entender o que é viver.
E essas pessoas que servem de modelo para nós geralmente estão na família ou na escola. A maioria das pessoas tem um professor inesquecível que mudou sua vida - para melhor ou para pior. Mas, apesar de ter tido excelentes professores na escola regular, eu encontrei meus verdadeiros mestres na música.
Foram pessoas que me ensinaram muito mais do que ler partituras, cantar afinado ou tocar um instrumento. Estas pessoas me ensinaram como é que se vive em sociedade, como é que um ser humano pode ser pleno, bom e feliz - e a música foi o veículo através do qual todas essas lições me foram passadas.
Hoje em dia, atuando também como professora, sinto o peso desta responsabilidade de ensinar a viver através da música - e muitas vezes acredito que esta tarefa seja árdua demais para mim.
Sei que as lições que a música ensina não foram fáceis de aprender e tenho certeza da difícil tarefa que é ensinar estas lições.

Ontem foi o dia de aprender mais uma lição. Perdemos uma pessoa que ensinou a mim e a tantos outros. Malu Cooper foi minha professora de canto, preparadora vocal e regente coral. Sempre nos contagiou com seu sorriso aberto, seu jeito carinhoso de tratar a todos e seus lindos olhos, brilhando sempre!
Malu lutou contra uma doença terrível sempre com bom humor e otimismo - e nunca abandonando a música, nem deixando de transformar outras pessoas através dela.

Ontem vi meus mestres chorando e senti o peso da saudade que uma pessoa assim deixa. Ontem vi a despedida que eu gostaria de ter para mim, quando for a minha vez de ir. Muitas e muitas pessoas que foram tocadas por uma presença em suas vidas e que fizeram questão de levar seu carinho, de demonstrar sua admiração.

Junto com a Malu, dei adeus a um pedaço importante da minha juventude. Estavam lá tantas gerações de cantores e sei que todos sentiam um pouco disso. Todo mundo queria cantar, mas ninguém sabia exatamente como começar. Chegamos a cantarolar algo tímido, baixinho. Mas a música nem sempre dá conta de tudo o que sentimos - e talvez fosse o momento de fazer mesmo uma pausa.

Obrigada, Malu, por todo o canto!


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Distribuição

É sempre peculiar o momento em que as crianças começam a se perguntar de onde vêm os bebês. Mais peculiares ainda são as histórias que os pais acabam inventando e reproduzindo sobre cegonhas, repolhos, flores, jardins e regadores. Mas depois que esta curiosidade é sanada, surgem  outros questionamentos muito mais difíceis  que acabam culminando no "quem sou? de onde vim? para onde vou?" - e certamente não há metáfora sobre regador nenhum que dê jeito nesta eterna dúvida existencial. 

Mas nós não estamos aqui para fazer terapia coletiva e sim para entender como funciona essa coisa toda de produzir um CD, certo?

É claro que muito sobre a origem dos CDs já foi elucidado aqui nos posts anteriores. Vivemos a emoção de escolher o repertório, chamar os músicos, ensaiar, gravar, mixar, masterizar... vivemos a nada emocionante burocracia nos cartórios, autorizações mil para enviar para a prensagem... vivemos as alegrias proporcionadas pela assessoria de imprensa...

Mas como é que os CDs chegarão ao público, afinal de contas?

Esta é uma fase do processo chamada distribuição. Você pode optar por contratar uma distribuidora (tipo de empresa cujo nome autoexplicativo me livra de especificar maiores detalhes) ou fazer a distribuição por conta própria.
O trabalho da distribuição consiste em fazer contato com as lojas de CDs e livrarias que vendam para o perfil de público que você quer atingir e negociar a venda dos discos. Geralmente o esquema é a consignação - você deixa os CDs lá e faz um contrato acordando quem vai ganhar quanto quando o CD for vendido. E depois a loja entra em contato para repassar a você o valor referente às vendas do seu produto.

Falando assim, parece até simples. Mas é uma relação que exige muita confiança. Afinal, você tem que confiar que o CD chegará as prateleiras (em vez de ficar encostado no estoque) e que  a real quantidade vendida será repassada a você.

É preciso escolher uma distribuidora séria, que tenha contatos bacanas e que fique de olho nas lojas para garantir que você receba direitinho pelas vendas do produto.

Eu escolhi a distribuição independente porque no meu orçamento não há fundos para contratar uma distribuidora. Mas, como sempre, contando com a ajuda de amigos e com a minha boa e velha cara de pau de sair por aí vendendo meu peixe, já consegui deixar o CD em duas lojas bem bacanas: Arlequim e Livraria da Travessa.

Outra forma de distribuição do CD que tem sido muito legal é a encomenda pelo Facebook. Os fãs que curtem a página estão pedindo e eu envio o CD pelo correio. É uma super comodidade para quem compra, pois o disco chega bonitinho em casa e uma bela garantia para mim, que estou vendo o dinheiro entrar sem passar pelas mãos de terceiros.

E você, já comprou o seu?

terça-feira, 15 de maio de 2012

Extra! Extra!

Há quem diga que foi-se o tempo dos jornais e rádios. O fim do tradicional Jornal do Brasil impresso é um forte sinal disso. Mas se engana quem acha que estes meios de comunicação perderam seu poder para a internet.
Nas últimas semanas estive bastante envolvida com a divulgação do meu trabalho em rádios e na mídia impressa. E quer saber? A reação do público tem sido clara: estar no rádio e no jornal é importante sim.

A internet continua sendo um lugar de convergência de todas essas informações, mas foi quando saí em reportagem na Veja Rio (depois de ter materias sobre mim publicadas em diversos blogs) que recebi milhares de parabenizações dos amigos e público.



O mesmo aconteceu com a minha participação no programa Faro MPB, da MPB Fm e no programa Sangue Novo, da Rádio Roquette Pinto.

(Para ouvir a minha participação no programa Sangue Novo da Rádio Roquette Pinto na íntegra:

Parece que estar no jornal e no rádio é uma espécie de validação do trabalho. Quando você é "publicado", você passa a existir. E não pense que é só o público que pensa assim, porque todos os editais de patrocínio para os quais eu me inscrevi até agora neste ano exigiam o "clipping" como um dos materiais obrigatórios a serem entregues - o que quer dizer que, se você não tem, azar o seu.

Fico muito satisfeita em poder divulgar meu trabalho de formas tão variadas. Depois destas participações nas rádios e notícias nos jornais, já  tive várias pessoas novas procurando comprar o CD e acessando o Facebook e o blog - e isso é um resultado incrível.
Espero continuar usando os meios de comunicação a meu favor. Sei que existe um monte de gente preguiçosa por aí que adora as respostas prontas das críticas publicadas e, em vez de ouvir o que gosta, ouve o que é "tendência". Mas isso é uma questão maior do que todos nós... e que fica pra depois.

Pra terminar, minha incursão pelas mídias também foi parar na televisão! Deixo com vocês a minha entrevista para o Programa Andante, da TV UERJ - que foi ao ar no canal 12 da Net Rio.

É só clicar aqui:



quarta-feira, 2 de maio de 2012

Minutos de fama.

Cena 1

Chegando em casa do trabalho, encontro as caixas com meus 900 CDs que faltavam chegar na entrada do prédio. Não se falava em outra coisa na portaria.
- O que é isso tudo?
- Ah, é o meu CD que chegou.
- Tudo isso? Quantos CDs tem aí?
- 900!
- Nossa! Vai ficar famosa.

Cena 2

Entrando com os 900 CDs no elevador, carregando as caixas, encontro a minha vizinha.
- O que é isso tudo?
- Ah, é o meu CD que chegou.
- Ah é! Te ouvi na rádio outro dia.

Cena 3

Entrando de novo em casa, o porteiro me chama.
- Ei, vem cá!
- Que foi, "Seu" Ferreira?
- Quanto é que tá?
- Quanto é que tá o que ?
- O Cd! Quero um.
- Ah, desço já já com um pra você.
- Tá bem. Mas ó: tem que ser autografado. Se não você fica famosa, some aí no mundo e nem lembra mais da gente!

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A popozuda e a vanguarda.

Nesta semana não se fala em outra coisa. A nova música de Valesca Popozuda com a participação de Mr. Catra foi a ultima sensação do Facebook e Youtube. 
Apesar de não ser muito chegada à artista (artista?), fiz questão de conhecer a música porque sou uma artista (artista?) preocupada com o que acontece ao meu redor e tenho a convicção de que aprendemos igualmente com o que achamos bom e ruim.
Pois bem, o que eu aprendi com essa música - além de novas formas de usar as palavras da maneira mais explícita possível para descrever o ato sexual - é que eu não entendo nada.
Isso mesmo. Quem se apropria do discurso de Caetano hoje é Valesca Popozuda. Ao ser alvo de críticas por falar palavrões, ela deu uma cartada sensacional nos chamando a todos de burros. 
Do alto de suas roupas mínimas e coladas, Valesca Popozuda me faz sentir uma imbecil.
"Vocês não estão entendendo nada!" - imagino ela dizendo. E continua: "Vocês têm coragem de aplaudir, este ano, uma música, um tipo de música que vocês não teriam coragem de aplaudir no ano passado!".

Daqui a 30 anos, certamente haverá nas estantes empoeiradas das universidades mais bem conceituadas teses e dissertações que dirão algo parecido com o que direi a seguir. 
Iniciemos, portanto, a análise.

1)Valesca Popozuda é a vanguarda. Nelson Rodrigues e seus conteúdos "chocantes" já ficaram ultrapassados.

2) Valesca Popozuda é herdeira da antropofagia. 
Diz o Manifesto Antropófago:
"Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.
Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama."

Diz Valesca Popozuda, 84 anos depois:

"Eu sei que você já é casado, mas me diz o que fazer
Porque quando a p***** tem dona é que vem a vontade de f****"

3)Valesca Popozuda propõe ainda uma revolução estilística na escrita. O sexo é uma temática literário-musical presente na arte desde tempos imemoriais. Mas depois de séculos "enfeitando o pavão", Valesca Popozuda decreta o fim da metáfora. As coisas são o que são e não há porque fingir que são algo diferente disso - inaugurando a corrente ideológica da verdade nua e crua.

Para concluir, deixo vocês com Tom Zé e sua lindíssima análise de "Atoladinha".







quinta-feira, 26 de abril de 2012

Uma lição sobre limões, limonadas e caipirinhas.

Talvez este seja o post mais importante da história deste blog. Por favor, leiam com atenção e carinho.

Quando eu comecei este registro on-line que vocês lêem, eu assumi o risco de compartilhar com meu público todas as situações relacionadas à produção do meu primeiro CD.
É claro que quando eu comecei tudo isto, eu achava que o máximo de exposição que aconteceria seria algo em torno dos meus momentos de ansiedade, nada mais sério do que isso. É claro que eu achava que tudo ia dar certo e eu só teria vitórias para comemorar com meus leitores. Mas também é claro que eu estava enganada.

O caminho desta produção acabou tomando rumos muito mais tortuosos antes de reta de chegada para o lançamento. Comecei a ter problemas com a fábrica dos CDs, quanto ao prazo e quanto a imagem do produto e, como já havia virado praxe, divulguei também estes problemas aqui - porque o bom e o ruim têm que fazer parte do relato para que ele seja verdadeiro. E também para que outras pessoas aprendam alguma lição com a minha experiência.
Mas foi nesta divulgação de tudo que eu acabei metendo os pés pelas mãos. Quando as pessoas viram na vida real o resultado da impressão que eu tanto critiquei on-line, acharam que não era tão mal assim. Outras acharam que era um efeito do Photoshop... e no final das contas, se eu não tivesse dito nada, estaria tudo certo.  Eu confundi o fato de não estar como eu queria com o fato de não estar bom. E existe uma tênue linha entre o que é do nosso gosto e o que é qualidade - e mesmo que a impressão do disco tivesse ficado exatamente como eu queria, eu ainda estaria sujeita à críticas negativas de pessoas que não gostariam do resultado. Então, fica elas por elas.

Apesar de tudo, achei melhor ter compartilhado e contado a verdade do que viver a angústia do "e se alguém perceber que era pra ser outra coisa?".

Pois bem, aprendi uma lição sobre pegar os limões da vida e fazer uma limonada. Afinal, o que eu tinha como uma "impressão borrada" acabou virando uma "edição de colecionador", graças ao bom humor dos meus amigos. Depois, aprendi a fazer da limonada uma bela capirinha, ao ver que o que realmente importa é o som que está no disco - embora a imagem nos dias de hoje faça uma graaaande diferença, quem ouve no rádio não vê bolacha.

Acabei dando a discussão da borracha (a "bolacha borrada") por encerrada e vou aceitar as 900 cópias que já estão la na fábrica, prontinhas. Até porque eu tinha duas opções: gastar mais dinheiro e mais tempo para ter o CD que eu queria ou ter o CD que todos curtiram, sem gastar mais dinheiro nem mais tempo.
No final das contas, espero que essas primeiras 1000 cópias voem! E que isso tudo vire história para contar no futuro. Essa é uma tentativa manter a sinceridade sem me sacrificar pelas aparências. Sou uma artista iniciante, independente, este é meu primeiro CD e eu fiz absolutamente TUDO sozinha - é claro que algo tinha que dar errado.
A vida é assim: a gente erra, a gente aprende e não erra mais.

Em tempo, mais uma lição sobre sinceridade:

Minha avó me ligou depois de ver a capa do CD em que eu estou usando o vestido dela e disse a maior pérola de todos os tempos:
- Você nunca foi tão bonita assim! Como é que isso ficou bonito assim??

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Se o meu disco soubesse...

Todo ano na data do meu aniversário, minha mãe me conta como foi o dia do meu nascimento e a história sempre começa na véspera - quando ela arrumava a mala para ir ao hospital fazer a cesariana.
E essa história da véspera do meu nascimento ilustra bem o meu sentimento sobre o dia de amanhã. Estou nos preparativos dos últimos detalhes para viver um parto com hora marcada e assistido por bastante gente!

Se um dia eu fosse comemorar o "aniversário" do meu CD, eu falaria do ensaio de hoje, que foi ótimo. A banda estava tranquila e animada para o show. Sobre a expectativa dos amigos, também posso dizer que o carinho das pessoas e o interesse em estarem presentes tem sido muito grande. Arrisco dizer que todo mundo estava muito feliz com a notícia e queria ver ele nascer.

Sobre a minha própria sensação, o que predomina é a ansiedade. Amanhã verei ao vivo a reação das pessoas ao meu som, às minhas músicas e a este trabalho que vem sendo construído desde o final do ano passado com tanto cuidado. Espero que eu consiga controlar a emoção e me divertir no meu próprio show.

Se o meu disco tivesse um signo, ele seria taurino. Em geral, isto significa teimosia. Mas, pra ficar bonito, digamos que a principal característica do taurino é a persistência. E tomara que o disco seja assim - que ele me faça persistir pra irmos mais longe!

sábado, 21 de abril de 2012

On the cover of Rolling Stone!

É quase isso. Meu momento "Quase Famosos" - matéria sobre mim no blog de música brasileira da revista Rolling Stone Brasil! Amei!

Confira na íntegra em:

http://rollingstone.com.br/blog/musica-popular-brasileira/luiza-sales-uma-grata-surpresa

Luiza Sales, uma grata surpresa

Luiza Sales
Divulgação
Por Cláudia Boëchat


Luiza Sales lança na próxima terça, 24, no Rio, seu primeiro CD: Breve Leveza. De cara, já arranjou um produtor internacional, o norte-americano Dan Garcia. No álbum, Luiza Sales, uma artista do Oi Novo Som, apresenta canções autorais e também hits de duas de suas grandes referências musicais, Djavan e Rosa Passos.


Luiza tem formação erudita. Ainda criança queria tocar violino. Formou-se em música e integrou a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem. “Entrei na faculdade querendo ser professora e violista (sim, viola, aquela da orquestra). Saí de lá querendo ser cantora”, conta ela em seu blog. Mas foi a MPB que a conquistou e a fez tornar a música sua profissão, chegando, esta semana, ao primeiro disco. Uma grata surpresa. Luiza tem uma voz doce e um suingue contagiante. Tem um ótimo astral.


No álbum ela é acompanhada por um grupo instrumental de jazz chamado Os Coringas e formado por: João Bitencourt (piano), Yuri Villar (sax, também parceiro em algumas composições e arranjador), Chico Oliveira (baixo), Antonio Neves (bateria) e Davi Mello (guitarra). Luiza queria que seu primeiro álbum tivesse “balanço”. “Escolhi gravar um disco inteiro com a mesma banda porque sei que a intimidade que eles têm tocando juntos soma muito ao trabalho, dando ‘liga’ ao som. Quis Os Coringas porque eles prezam por algo que eu faço questão de ter no meu som. Tem gente que chama de groove, outros apelidam de suingue – mas não importa o nome, o negócio é fazer a música pulsar”, comenta a artista.


Enfim, o que essa moça faz é uma delícia!

Por tudo o que eu tenho passado.

Essa foi a semana mais difícil do ano.
Começou com a péssima notícia sobre a minha tão sonhada viagem à Europa e terminou com a péssima notícia de que não terei CDs no dia do lançamento do "Breve Leveza". Desde quinta feira eu estava lutando contra o não cumprimendo do prazo da fábrica que contratei para prensar os CDs e eu consegui receber 100 unidades na sexta feira. Achei que isso me resolveria os problemas, mas qual não foi a surpresa ao ver que todas as bolachas estavam com a impressão de péssima qualidade e que havia diferenças de cores entre os encartes (em algumas capas não dá nem para ver o meu rosto na foto).

Enfrentei muitos obstáculos, totalmente alheios ao meu controle. Sei que todo mundo tem problemas para lançar discos, principalmente quando o trabalho é independente. Mas comigo aconteceram todos os problemas justo na última semana antes do lançamento. Voei em "céu de brigadeiro" na hora de gravar, mixar, produzir, ensaiar... e logo no momento em que eu deveria ter paz, a vida me provoca desespero. Mas depois de chorar muito e colocar pra fora toda a frustração dessa etapa final, o sentimento que tenho agora é outro. Depois de ter vivido a revolta, o medo e a tristeza de não ter meu trabalho realizado como eu planejei, eu quero é agradecer. 

Quero começar agradecendo aos músicos que fizeram parte das gravações e que estão comigo neste show na proxima terça. Sem Os Coringas, Mateus Xavier, Vinicius Castro e Luiz Morais o som do disco seria outro. Sou muito grata pela qualidade altíssima do trabalho desses meninos comigo. Também quero agradecer ao produtor e amigo Daniel Garcia, pessoa sem a qual este trabalho não existiria, certamente. Agradeço também aos meus amigos arranjadores e compositores, que foram tão solícitos e demonstraram tanta alegria em ter suas músicas e idéias gravadas neste disco. Agradeço ainda aos meus amigos da equipe de design, assessoria de imprensa, fotografia, filmagem... depois do trabalho musical, o que vocês fazem por mim é a parte mais importante de toda esta produção. Agradeço à minha família que está comigo para superar todas as minhas dificuldades com paciência, carinho e conselhos jurídicos (!). Agradeço aos amigos que já manifestaram o desejo de transformar o CD mal impresso em edição de colecionador.

Agradeço ao motorista de ônibus que me fez passar por um acidente, por ter me ensinado a valorizar cada minuto da minha vida.
Agradeço ao avaliador do Ministério da Cultura que me deu um décimo a menos, por ter me ensinado que falta muito pouco pra eu chegar onde quero.
Agradeço à fábrica que fez os CDs mais mal feitos que eu já vi, por ter me ensinado que a beleza do meu trabalho não está na forma, e sim no conteúdo.
Agradeço, por fim, a essa vida tão injusta e cruel, por me mostrar que nada vai me impedir de continuar trilhando meu caminho e que tudo é pequeno perto da felicidade que a música me dá.

Pode faltar dinheiro, oportunidade e até CD, mas não vai faltar alegria, amor e música.
Nos vemos na terça feira!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Vivendo e aprendendo a jogar.

Hoje tive a pior notícia do ano. Lembram daquele edital do Ministério da Cultura cujo resultado eu estava esperando para esta semana ?

Pois bem, a história é a seguinte: tudo começou em janeiro, quando comecei a procurar festivais internacionais de música para me inscrever. Eu sempre sonhei em sair do Brasil para fazer música por aí, em qualquer lugar. A grande maioria dos festivais já estava com as inscrições encerradas ou não tinha espaço para inscrição de novos artistas... mas continuei procurando até encontrar o Bucharest International Jazz Competition. E, na maior alegria, me inscrevi. Logo no começo, já passei por alguns percalços - o mais engraçado foi ter que pagar uma taxa de módicos R$150 para transferir 100 euros para a Romênia, o que acabou me custando uns R$500,00 no final das contas...

E qual não foi a minha surpresa em fevereiro ao receber a notícia de que eu fui selecionada para participar do festival! Entre inscrições de mais de 30 países, euzinha fui escolhida para ser a única representante do Brasil em 18 anos de festival... fiquei felicíssima, mas logo veio o proximo obstáculo: como pagar uma viagem para 6 pessoas (eu os meus queridos músicos, Os Coringas)? Quando fui ver o preço das passagens + estadia, vi que a viagem custaria pelo menos R$20.000,00.

Eu já estava cogitando pedir um empréstimo no banco, jogar no bicho e até vender um rim, quando veio a notícia de que o Ministério da Cultura iria abrir o Edital de Intercâmbio Cultural, que patrocina viagens de artistas brasileiros. Tratei logo de me inscrever, e aí começou de verdade a minha novela.
Entre 8 de março (data da minha inscrição) e 17 de abril (data da divulgação do resultado), eu liguei para Brasília pelo menos umas 15 vezes. O processo foi demorado, não havia previsão de divulgação de resultado e o festival na Romênia estabeleceu um prazo: 17 de abril.

Até ontem eu não sabia se o resultado sairia hoje ou não. Mandei um email para a Romênia explicando a minha situação e pedi mais três dias de prazo, porque eu ainda aguardava a resposta do governo brasileiro. Muito simpáticos, responderam que me dariam mais três dias e que desejavam sorte no meu processo.

Pois bem, depois de 4 dias seguidos olhando no Diário Oficial da União à procura do resultado da fase de seleção, hoje estava lá registrado o que eu tanto temia. Depois de tanto esforço, stress e esperança, meu projeto ficou em primeiro lugar na lista de espera por um décimo. UM DÉCIMO.

Liguei pela 16a. vez para Brasília perguntando o que era a lista de espera. Caso alguém seja descuidado o suficiente para enviar uma documentação errada ou seja maluco o suficiente para desistir de receber dinheiro do governo, eu recebo o patrocínio - o que é muito pouco provável.

Hoje com certeza está sendo o dia mais difícil do ano. Receber essa notícia a exatos 7 dias de distância do lançamento do disco é péssimo. Dá uma sensação de derrota antes mesmo do jogo começar.
É muito difícil ver meses de esforço, preocupação e trabalho coroados assim... com absolutamente nada.

Além da decepção de não ter meu esforço premiado, fica o gosto ruim de viver em um país em que há pouquissimas oportunidades na área cultural - e quando você consegue uma oportunidade incrível de levar a música do seu próprio país a lugares onde a cultura é valorizada, a resposta é não.

domingo, 15 de abril de 2012

O músico e a jukebox - um manual básico.

No post de hoje vamos aprender as diferenças básicas entre um músico ou grupo musical e uma jukebox. Também vamos ter dicas importantes sobre como se portar diante destas duas possibilidades de execução musical.

Para começar, uma breve explicação.

  • A jukebox é uma "máquina de música". Ela reproduz músicas escolhidas pelo cliente, que paga para ouvir seus pedidos atendidos. A máquina tem um catálogo vasto, porém, finito. Nem todos os pedidos podem ser atendidos.
  •  
  • O músico, ao contrário, não é uma "máquina de música" e sim, um ser humano. Porém, ele também reproduz músicas escolhidas pelo contratante, que também paga para ouvir o que gostaria - desde que haja um acordo prévio sobre o repertório. O músico pode ter um repertório vasto, mas isto depende de sua formação musical e de sua proposta artística para aquela apresentação. Além disso, a execução musical feita por pessoas depende do que chamamos de "pré-produção" - é necessário selecionar o repertorio previamente, escrever ou idealizar arranjos e realizar ensaios com toda a banda.

E como fazer para se portar diante de cada situação?

Bom, com a jukebox é muito simples!
1) Insira uma moeda ou ficha,
2) Escolha uma das canções do catálogo,
3) Aperte play.

Mas esteja preparado para não haver no catálogo aquela música que você queria ouvir. Esta operação pode ser repetida quantas vezes quiser, dependendo apenas do número de fichas ou moedas que você tiver.

Com o músico, é um pouco mais complicado. Para começar, é preciso haver um acordo prévio.

1) Se você tem algum pedido especial para o músico, combine com ele no ato da contratação.
2) Tenha sempre em mente que o músico é um especialista em uma certa área da música - e que ele tem o direito de escolher não atender seu pedido por uma questão de concepção artística.
3) Procure sempre um músico que tenha a concepção artística parecida com o que você deseja ouvir.
4) Na hora da apresentação, você até pode fazer pedidos. Mas lembre-se de ser educado e entenda que é possível que você ouça um "não" - e isso não significa que o músico esteja sendo mal educado, ele simplesmente não está preparado para atender ao seu pedido.
5) Se fizer pedidos, não vá até a beira do palco gritar com os músicos, não tente falar com os músicos durante uma música, não puxe os músicos pelo braço. Usar um guardanapo de papel com o pedido escrito é cafona, mas é  mais discreto.
6) O tempo de apresentação não é infinito, pessoas têm uma produtividade física limitada em relação às máquinas. Isto também deve constar no acordo prévio.
7) Atenção ao fato de que se você está pagando, você não é dono das pessoas. O dinheiro não dá direito a desrespeitar os profissionais que você contratou e que certamente estão se empenhando em te atender.

O mais importante é entender que a música ao vivo exige preparação e que fazer pedidos na beira do palco pode ser extremamente deselegante. Um exemplo que ilustra isso muito bem: se no jantar da festa está sendo servido um risoto, você não vai pedir ao garçom em altos brados para lhe trazer sushi. A cozinha não preparou isto porque não foi combinado previamente e porque o cozinheiro contratado é especializado em outra área culinária. Por que tentar fazer a mesma coisa com o músico?

Espero que este pequeno manual tenha esclarecido algumas questões! Até a próxima.


sábado, 14 de abril de 2012

Quando você "for famosa"...


Só hoje três amigos fizeram o tradicional discurso "quando você ficar famosa, não se esqueça de mim"!

E ultimamente, tenho ouvido muito isso das pessoas. Acho que esse é o jeito carinhoso dos amigos dizeram que eu sou importante pra eles e que acreditam muito na minha realização profissional e, por este apoio fenomenal, eu sou muito grata!

Mas eu estou aqui para dizer que acho que quando eu "for famosa" é que vou ter tempo de lembrar das pessoas. Acompanhe meu raciocínio: enquanto eu não sou ninguém (como, por exemplo, neste exato momento) eu sou minha própria produtora e estou ocupada com absolutamente TODOS os assuntos que envolvem a minha carreira artística. Além disso, como a minha carreira artística ainda me dá mais custos do que lucros, tenho que trabalhar como professora para sustentar meu sonho de cantora.
Portanto, no momento, eu trabalho por três - a professora, a produtora e, quando sobra tempo, sou a cantora.

Meu objetivo no futuro (quando eu "for famosa") é ser apenas cantora. E, assim espero, quando eu não for nem produtora nem professora, terei mais tempo para ser amiga, irmã, filha e namorada. É possível que eu passe mais tempo viajando e fazendo shows nos fins de semana- mas não isso não é problema, porque seria uma alegria receber todos os amigos no camarim e fazer a maior festa!

ps: "ser famosa" não está entre aspas à toa. Até porque, hoje em dia, Ex-BBB além de "famoso" é "artista", então há que se tomar cuidado com o uso dessas terminologias ...
ps2: acho que as pessoas acreditam mais que eu "serei famosa" do que eu...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Gente.

Este ano está sendo um aprendizado incrível para mim na questão das relações humanas - mais especificamente as relações humanas no trabalho.

O primeiro lugar que nos prepara para o relacionamento humano é a família. No seio familiar aprendemos o que podemos e não podemos fazer em sociedade. Especialmente quando temos um irmão - porque aí sim o bicho pega! Depois, na escola, começamos a aprender como são as amizades e as relações de hierarquia - afinal, levar uma advertência da direção é bem pior do que ir parar na coordenação, o que é bem pior do que ser advertido pelo professor. E então, na faculdade (principalmente na faculdade pública), começamos a aprender como poderia ser uma sociedade anárquica - onde você faz o que quiser e depois assume as consequências da sua conduta. Se você der sorte, em algum lugar nesse caminho entre escola e faculdade, você arruma um namorado e com ele aprende como são as relações amorosas.

Mas é depois de tudo isso, no trabalho, que as pessoas realmente mostram a que vieram no mundo.
E eu vou te dizer que lidar com gente não é nada fácil. Com as experiências que estou tendo com a produção do disco, posso dizer que estou aprendendo as seguintes lições, que passo adiante como "conselhos":

1) Por mais eficiente que você seja, não espere que as pessoas te dêem eficiência em retorno. Mais do que taxar as pessoas de "preguiçosas" ou "eficientes" é preciso entender que cada pessoa tem seu tempo e ritmo de trabalho.
2) Se você está fazendo um trabalho importante pra você, saiba que terá que fazer o trabalho dos outros algumas vezes. Não reclame disso, afinal, o maior interessado é você.
3) Prazos funcionam de maneiras diversas para as diferentes pessoas. Tem gente que só funciona com prazo e tem gente que, simplesmente, não funciona. A dica é: se o prazo é dia 20, diga às pessoas que é no dia 10 e assim receberá o que precisa lá pelo dia 15.
4) Se você abre seu e-mail todo dia, parabéns. Mas nem todo mundo vai te responder no mesmo dia, na mesma semana ou no mesmo mês que você enviou a mensagem. Dê uma ligadinha despretensiosa pra saber se o e-mail chegou - e bote a culpa no Google pela sua caixa de saída estar uma bagunça.
5) Seja simpático sempre. Pessoalmente, por e-mail e até por telefone. Uma dica: assim como dá pra ouvir o sorriso do cantor quando ele grava, a pessoa que está do outro lado da linha vai perceber seu sorriso também.
6) Seja humilde sempre. Mesmo quando o erro estiver do outro lado da relação, arrume um jeito de amenizar as coisas - e se for o caso, até peça desculpas. Um bom exemplo é: se alguém fala algo errado, em vez de dizer que a pessoa falou errado, você diz que não entendeu e pede para ela falar de novo.
7) A maior e mais útil das lições: paciência e persistência andam de mãos dadas. Para todos os casos acima citados, seja paciente. Muito paciente.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Aconteceu, virou manchete.

Tudo começou com a morte da Lady Di, causada pela perseguição dos papparazzi. Desde então, virou lugar comum artista reclamando da invasão de privacidade, acrescentando-se aí o eterno debate sobre a ética na imprensa.

Tenho certeza de que não estou nem sequer perto de passar por uma situação extrema, mas já estou começando a me relacionar com a imprensa com a divulgação do CD e vivendo suas idiossincrasias.

No último mês, meu assessor de imprensa tem sido pivô de situações, no mínimo, interessantes. Por exemplo, para estar num certo programa de TV você não pode ir a outro programa antes, porque as emissoras e apresentadores rivalizam o espaço. Se você escolher um, se queima com a produção do outro. Da mesma forma, para publicar num dado espaço em um jornal, algumas vezes o editor pede exclusividade naquela matéria e fica monopolizando seu conteúdo por dias a fio... mas o mais clássico é a publicação de coisas que não foram ditas por você.

Uma das primeiras notícias que saíram sobre mim, dizia coisas que não estavam escritas no release que enviamos e informações que sequer constavam no meu site oficial ou no site oficial do Daniel, meu produtor... chegamos ao ponto de ter que ligar para o jornalista e explicar que o Daniel não foi sequestrado por um casal americano e nem é adotado - a história do sequestro está no texto de release do site dele é só uma brincadeira com sua ida para os EUA no colo da mãe, ainda um bebê.

Mas ao contrário das previsões mais pessimistas em relação aos jornalistas, tem saído bastante coisa bacana sobre mim por aí, não só nos jornais mas também em blogs especializados... esses dias um amigo das antigas me reencontrou depois de ler uma matéria sobre mim em um blog.
Loucura total né?


Pra completar a alegria, hoje recebi a visita da equipe do Programa Andante! Gravamos uma entrevista aqui em casa e acho que vai ficar super bacana. O programa vai ao ar no site da TV Uerj e na TV Alerj, sábado 14:30h.  É muito bacana essa coisa de responder a perguntas sobre você mesmo e poder falar sobre suas idéias, sabendo que isso estará registrado para a posteridade (o que pode ser um perigo também, dependendo do tipo de idéia que você defende quais são seus argumentos para defendê-la).
Assim que eu tiver a entrevista, mostro aqui pra vocês.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Unanimidade e inteligência.


Acho que todo mundo já ouviu alguém citar Nelson Rodrigues, dizendo que "toda unanimidade é burra". Gosto muito deste dizer e sou um pouco partidária esta opinião. Claro que a gente deve evitar generalizações e me alegro em poder dizer que as excessões a esta regra são sempre surpreendentes.

É sabido que quando um músico ouve música, o buraco é bem mais embaixo. Não só pela exigência com as questões técnicas que é fruto do conhecimento de causa. O ego do músico é grande parte do seu ouvido. Muitas vezes, quando um músico ouve alguém que considera inferior tecnicamente ou artisticamente, rola um "regozijo" por estar em melhores condições. Por outro lado, quando o músico ouve alguém que considera superior, pode até virar fã - mas sempre bate aquele "ciuminho" de não ter atingido aquele nível. Obviamente, as comparações são bem piores quando se tratam de músicos que disputam o mesmo espaço, ou seja: uma cantora tem muito mais ciúme de uma grande cantora do que de um grande saxofonista, por exemplo.

Sei que existem músicos benevolentes, pacíficos, amorosos e que querem somente compartilhar a sua música. Mas a competição faz parte do nosso meio e eu acho que ela faz crescer, sempre. Se não fosse a competição entre músicos, não haveria Pet Sounds nem Sargent Pepper's Lonely Heart Club Band, dois álbuns memoráveis de bandas "rivais".

Perdi esse tempo todo falando sobre rivalidade porque, para mim, a questão da unanimidade tem muito a ver com isso. Primeiro, porque o que é unânime não tem rival. Segundo, porque eu sou o tipo que sente "ciuminho" das unanimidades. Sempre que leio por aí na imprensa especializada muitas matérias sobre alguém novo que é considerado "a melhor banda de todos os tempos da última semana", tenho uma implicância das boas. Sei que apesar da mudança de cenário na música, com a força das produções independentes e dos públicos alternativos, ainda tem muito dedo de gravadora na hora de escolher o que ouvimos e o que é considerado (como minha irmã diz) o último grito da moda.

Quando ouvi falar do Criolo pela primeira vez, minha rabugice falou alto. O cara foi citado pelo Chico Buarque (outra unanimidade) em um show e se tornou o mais novo gênio do cenário musical. Apesar da minha implicância, fiz questão de ouvir o disco inteiro para comprovar se essa não era mais uma daquelas mentiras contadas muitas vezes até se tornarem verdade ou se o cara era tudo isso mesmo.

E qual não foi minha surpresa ao ver que ele realmente tem muito conteúdo? Achei um intérprete versátil, um disco muito bem produzido, com referências musicais e textuais que remetem a coisas que acho muito inteligentes e importantes. Eu sempre fui fã do Gabriel o Pensador e desde que ele parou de produzir discos, me senti meio órfã. O Marcelo D2 nunca preencheu essa lacuna porque apesar de sua "busca pela batida perfeita" ser uma empreitada louvável, acho seu discurso muito monotemático. O fato é que o Criolo me ganhou com o groove da primeira faixa do disco e terminou de me conquistar falando mal de São Paulo. Depois vi alguns vídeos ao vivo, e acho que ele pode melhorar como cantor (só pra não deixar o ciuminho totalmente de lado) - mas o disco é primoroso.

No final das contas, fico feliz em saber que unanimidade pode estar aliada à inteligência. Afinal, quando num futuro muito distante eu for uma unanimidade, eu não vou me achar burra.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Depois da morte, o desespero.

Ontem meu pai me ligou preocupado depois de ler o último post, em que debati a questão da morte. Pode parece que as coisas por aqui estejam ficando muito heavy-metal , mas tem sido mesmo um período duro pra mim. Quero que todos saibam que eu continuo sendo uma pessoa muito feliz e realizada com este projeto. Pensar sobre o medo da morte e conversar com meus leitores invisíveis sobre isso é saudável, importante e significa que, se eu consigo falar sobre isso, eu não tenho tanto medo assim, no final das contas.

Mas não pense você que agora tudo já são flores. Abril é um mês em que muita coisa está para se resolver. Talvez acabe se tornando o mês mais decisivo de todo este ano. Vocês não sabem, mas além do show de lançamento do disco - que é um fato que por si só já poderia estar me deixando de cabelo em pé- estou trabalhando como produtora em dois projetos que serão inscritos em editais de patrocinio das Secretarias de Cultura do estado e município do Rio de Janeiro. Como se esse corre-corre não fosse suficiente, ainda sou professora de canto e professora de música em escola regular. Mas a cereja do bolo é um patrocinio que estou esperando do Ministério da Cultura - que tem me enlouquecido completamente, por estar relacionado a uma oportunidade que eu considero importantíssima na minha carreira.

O fato é que no dia 24 de abril, eu não terei apenas o lançamento do meu disco. Terei respostas sobre perguntas importantes relacionadas ao meu futuro e terei dois projetos concorrendo a importantes patrocínios.

Como não poderia deixar de ser, eu acabei ficando doente com toda essa ansiedade. Meu sistema digestivo deu um nó daqueles e eu tive que passar a Páscoa sem chocolate. Isso mesmo: chocolate -aquela doce gostoso que dizem que faz bem para aplacar a ansiedade. E cá estou eu sofrendo pela impossibilidade de acesso ao antídoto. Mas não é de hoje que eu tenho difícil acesso à cura dos meus problemas. Pasme: eu sou alérgica a Polaramine, um conhecido anti-alérgico. Daí já dá pra ver como funcionam as coisas comigo, né?

Enfim, acho que de todos os males, a ansiedade é o pior. Sei que muitas coisas não dependem de mim e sei que, enquanto dependiam, fiz o meu melhor - e que já tivemos esse papo aqui no blog, sobre deixar as coisas acontecerem sem a nossa interferência.

Mas eu não consigo só esperar e acabo desesperando.



quinta-feira, 5 de abril de 2012

A morte.

Ultimamente a morte tem sido uma questão muito presente nos meus dias. Acho que tudo começou com a história do acidente de ônibus que me fez refletir bastante. E aí, o assunto não saiu mais da minha cabeça. 
E justamente na véspera da Páscoa, onde, ao contrário do que você poderia pensar sobre chocolate, se celebra a Ressurreição de Jesus, venho aqui escrever sobre isso... só que ao contrário.

Na ultima semana sonhei que um médico (que, a propósito, era um padre japonês) me dizia que eu ia morrer no ano que vem. E eu ficava desesperada enquanto ele dizia sorrindo que eu já tinha cumprido meu papel na Terra e que era uma notícia boa, porque eu ia finalmente ia me livrar dos compromissos da vida.

E não é que bateu um baita medo de morrer? Eu nunca fui uma pessoa pessimista, mas por trás desse jeitão de durona, eu sou uma grande medrosa. Depois do sonho, tratei logo de recorrer aos livros e sites de interpretação de sonhos. E em todos eles consta que sonhar com a morte tem um sentido de renovação da vida, de recomeço. E mais: morte mesmo é quando você sonha com dentes... vai saber! 

Apesar de achar esses livros tão confiáveis quanto livros com significados de nomes de bebês -porque, afinal, quem tem o filho e quem tem o sonho é que sabe o real significado da coisa para sua própria vida - eu decidi me contentar com esta interpretação para não pirar de vez.

Depois de passar da fase do pânico e raciocinar bastante sobre o meu medo, tenho percebido que a morte que eu temo é uma morte simbólica.  Tenho medo mesmo é de morrer na praia, depois do esforço que estou tendo em lançar minha carreira como cantora. Tenho medo de estar investindo todo o meu tempo em algo que não vai dar certo. Tenho medo de ter de me contentar com uma vida que não quero pra mim, e que seria a mesma coisa que morrer. Tenho medo desta felicidade toda acabar em nada.

Essa história de sonhar é fogo - nos dois sentidos: sonhar ao dormir e sonhar fazendo planos. 
É um negócio muito arriscado, porque a gente sempre encontra um jeito de sonhar outra coisa, num ciclo que tem tudo para ser vicioso, se não for virtuoso. Quando sonhamos em realizar algo e conseguimos realizar este sonho, a sensação da conquista é tão gratificante que logo arrumamos outro sonho pra realizar. E assim vamos nos metendo nas maiores enrascadas para conseguir o que almejamos - mas assim vamos aprendendo muito também.

Já disseram que "o medo de amar é o medo de ser livre". E eu completo: só tem medo de morrer quem gosta muito de viver.