Sei que em outro post, no qual eu debatia a visão jurídica a respeito da profissão de músico, eu falei que o papo da "genialidade" deveria ter morrido junto com Beethoven, o maior músico marketeiro de todos os tempos.
Mas hoje estou aqui para me contradizer.
Ontem fui ao show do Lenine, que está lançando o novo trabalho dele, "Chão". Já fui a três shows do cara, já ouvi todos os discos e sou bastante fã. Mas, como os shows eram sempre naquele clima mais quente, não pude ter antes a visão que ficou clara para mim só ontem.
Ao contrário de tudo o que eu possa ter dito antes: Lenine é gênio. E digo mais: o gênio que eu quero ser.
Afinal, pra mim, ele é o pacote completo. Grande compositor, tanto nas letras quanto nas melodias e harmonias. Grande intérprete, que domina tanto a voz, quanto o violão - instrumento através do qual ele imprime uma marca inconfundível. Além de ter um timing incrível para montar o repertório dos shows e de ter discos que são obras completas - e de fazer tudo com uma qualidade técnica impecável, tanto no processo de gravações quanto nos shows.
Mas o que o Lenine realmente tem de especial é dominar o conceito da sua própria arte. Ouvindo os discos na ordem cronológica dá pra perceber que ele quer chegar a algum lugar, que ele está burilando sua arte, correndo atrás de um objetivo estético - em vez de fazer uma sequência de trabalhos sem qualquer relação entre si.
E, pelo show de ontem, deu pra ver que ele está chegando lá.
E é nisso que reside sua genialidade: uma busca profunda, sem pressa, sem medo. E é assim que eu gostaria que fosse a minha carreira.
Pra terminar o papo, Lenine cantando uma composição do meu amigo Vinicius Castro, para a campanha nacional "Ser Diferente É Normal".
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