segunda-feira, 12 de março de 2012

Autocrítica.

Volta e meia aqueles sonolentos programas investigativos do Discovery Channel ou o Globo Repórter apresentam especiais contando casos sobrenaturais de pessoas que vivem as chamadas "Experiências de Quase Morte" ou "Experiências Extra-corpóreas". Geralmente, a história começa com um cidadão dopado na sala de cirurgia e quando ele se dá conta, está flutuando fora do corpo e vendo toda a situação de fora. E o que é mais chocante neste tipo de relato é a pessoa narrando a visão de si mesmo pela ótica dos outros.

Pois bem, nunca passei por isso e nem tenho dons paranormais de sair por aí em espírito flutuando para lá e para cá. Mas a primeira audição do meu disco inteiro foi bem parecida com uma experiência extra-corpórea. E sabe por que? Pela primeira vez eu me ouvi como uma cantora profissional. 

Quando a gente faz as famosas "demos caseiras", aquelas gravações feitas no quintal ou quarto daquele amigo (que tem o mínimo necessário em equipamentos de som e sabe editar as coisas no Protools), o resultado que ouvimos representa exatamente aquilo que somos no momento: fingidores. 

Acho que todo mundo já conhece aquela famosa citação de Fernando Pessoa sobre o poeta ser um fingidor que "finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente". Isso pode funcionar perfeitamente para os poetas e também atores, mas ao meu ver, com os músicos é completamente o oposto. Pra mim, música tem que ser verdade. E não há nada pior do a ilusão de um músico fazendo uma gravação amadora querendo fingir que é profissional.

A sensação que tive ao ouvir o disco é que depois de passar tanto tempo fingindo por aí que eu era profissional, eu finalmente pude ouvir uma gravação da cantora que eu quero me tornar. E assim, voltando ao assunto da experiência extra-corpórea, eu ouvi a minha própria voz como se fosse pelos ouvidos de outra pessoa.

Para ser sincera, não sei se era outra quem ouvia ou era outra quem cantava. Talvez toda essa experiência tenha transformado profundamente o meu jeito de ouvir e cantar e agora a Luiza que ouve e a Luiza que canta não se reconhecem mais. 

Só sei que eu finalmente tenho um disco pronto e que a alegria de ter concluído este projeto é exatamente como eu achei que seria;




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