terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Som na Sala!

Esse janeiro foi um mês de muitas parcerias felizes! Me uni a Mateus Rezende no projeto da Gafieira F. C. (daqui a pouco tem o resultado pra vocês verem e ouvirem por aqui...), conheci a galera do Tocavideos, do RockInPress e do Na Mira do Groove

E agora Daniel Terra e Vinicius Castro começaram o projeto Som na Sala! Eles vão produzir um vídeo por mês e a idéia é: 1 câmera, 1 microfone e 1 convidado. Eu fui a primeira convidada! Fiquei muito feliz em fazer esse registro de "Linha do Tempo", música minha e do Vinicius Castro que não entrou no disco, mas que é uma música muito fofinha! 

Essa é pra quem não acredita ou não sabia que eu toco violino!! 

Pra assistir, curtir, compartilhar e cantar junto!


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

sábado, 28 de janeiro de 2012

Um mundo em um click.

Pois é, essa coisa toda de escrever blog está tomando proporções inesperadas na minha vida. Agora quando encontro com pessoas conhecidas na rua, volta e meia alguém vem me contar do que leu, do que ficou sabendo sobre meu disco - e isso tem sido ótimo! Apesar de não ter muita gente comentando por aqui (a maioria dos comentários é no Facebook, onde divulgo bastante meus escritos), tem mais gente lendo do que eu imaginava.

Mas além desse efeito psicológico de me sentir uma "micro-celebridade", eu estou mudando totalmente a minha rotina de frequência na internet. A gente sempre está lendo por aí como os blogueiros são uma comunidade influente no meio digital. E eu nunca fui de ler muitos blogs, mas agora tenho feito isso para buscar inspiração, contatos e novas idéias - e acabei gostando de muito do que li. É muito bacana ver a quantidade de gente inteligente que tem por aí divulgando conteúdos culturais de qualidade. 

Além de saber como as pessoas ouvem e pensam música, eu estou descobrindo vários colegas de profissão que a vida cotidiana não me apresentou, mas que a vida virtual está me oferecendo a oportunidade de ouvir. E com certeza é muito importante para um artista estar em contato com a produção intelectual dos seus pares - tanto para entender o mercado cultural e encontrar seu público, quanto para trocar idéias e firmar novas parcerias, por que não?

Almocei ontem com o Daniel, meu produtor, e conversamos bastante sobre as idéias para este blog e o meu site oficial que está sendo reformulado e será lançado em nova versão junto com o CD. Ele me disse que já trabalhou com artistas que só aprenderam a fazer e pensar coisas que eu apresento a ele lá pelo terceiro CD e ele me perguntou: como é que você sabe tudo isso?

É  simples, eu aprendo observando e tive ótimos exemplos ao meu redor. Um deles é o Vinicius Castro, que já é figurinha fácil aqui nos meus textos. Ele tem um site super completo que ele mesmo programou e cujos conteúdos são produzidos por ele mesmo. Aprendi bastante com as experiências dele.

Outro grande exemplo para mim foi  a leitura do "Manual de Sobrevivência no Mundo Digital" do Leoni.
Isso mesmo, o ex-Kid Abelha e os Abóboras Selvagens (quem entende esses nomes das bandas de rock do Brasil dos anos 80?). O livro fala sobre mercado digital e como a internet pode ser uma ferramenta de difusão cultural - e dá várias dicas para o músico que quer usa-la a seu favor.

E aqui estou eu seguindo seus conselhos. 

Por último, não vou sugerir que você leia nenhum blog, afinal eu não quero concorrência. ( ha ha ha )

Tire um tempo das suas visitas inúteis à vida alheia no Facebook e faça o seguinte: pesquise no Google "Blog Sobre Música Independente" ou "Blog Sobre MPB" - e vá fundo.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Açaí, guardiã ou: feliz aniversário Djavan!

Resolvi aproveitar que hoje é aniversário do Djavan para falar um pouquinho sobre a minha relação com a arte deste que é o meu maior ídolo musical.

Durante muito tempo, eu fui uma daquelas pessoas que só conheciam o que eu chamo de músicas "Djavan Novelas".  Esse repertório de baladas românticas e músicas com pegada mais pop, apesar de ser composto e produzido com muita qualidade, nunca despertou minha paixão. Foi no meu último ano de faculdade que comecei a ouvir algumas coisas mais antigas e principalmente alguns sambas menos conhecidos do Djavan. E foi aí que fui envolvida pela sua música.

Procurei escutar a discografia completa e a cada novo disco que ouvia, surgiam novas pérolas - daquelas que nunca tocam no rádio. A maioria delas sequer tem regravações e a descoberta dessas canções foi para mim como uma caça ao tesouro.

As minhas músicas preferidas do Djavan são os sambas que têm aquelas melodias e harmonias riquíssimas que só ele sabe fazer, foram gravadas por músicos que davam aos arranjos um suingue incrível e têm letras que dizem muito de um jeito muito especial.
Aliás, pra muita gente ele é "aquele cara das letras malucas". Dizem até que "Açaí", uma das letras que mais causam controvérsias, foi composta pela junção de palavras sorteadas aleatoriamente de um saco de palavras... mas na verdade tudo isso é uma grande brincadeira. E, pelo menos pra mim, o modo como ele usa as palavras é de uma genialidade ímpar. Cabe a nós estarmos abertos a esse tipo de experiência diferenciada na relação texto-música.

No final das contas, a música de Djavan tem uma marca inconfundível - e é isso que eu mais admiro nele.

E foi exatamente uma canção que se encaixa no perfil das minhas preferidas do Djavan que escolhi para gravar no meu disco. Ela se chama "Lei" e foi gravada por ele no disco "Meu Lado", em 1986.

Neste disco, também foi lançada outra maravilha chamada "Beiral". Essa não entrou no meu disco, mas você pode conferir a minha versão desta música no vídeo abaixo, gravado ao vivo em 2010. Neste ano, meu vício pela música de Djavan acabou virando um show chamado "Luiza Sales canta Djavan", onde tive a oportunidade de compartilhar com meu público aquelas canções tão preciosas que quase ninguém ouve.


Pra terminar, deixo vocês com outro registro do show em que cantei só Djavan. Essa música é a primeira faixa do primeiro disco lançado por ele, em 1976. Esse disco é emblemático, uma estréia triunfal que emplacou sucessos que até hoje são parte dos seus shows - e estão entre as músicas mais queridas pelo público.

Espero que o meu primeiro disco também seja assim.

Com vocês, "Flor de Lis".


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Mais divulgação!

Olha que legal! O site especializado RockinPress divulgou também o vídeo de "Barco"!

Confira a matéria de Marcos Xi em: http://www.rockinpress.com.br/

Outra matéria bacana saiu no blog especializado Na Mira do Groove, escrito pelo jornalista Tiago Ferreira. No texto, ele fala um pouco sobre meu trabalho, sobre a minha formação e a expectativa pelo CD! 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Aula de artes ou: o design do disco.


Volta e meia a gente ouve umas histórias de produtores musicais doidões durante a mixagem pedindo pro engenheiro de som imprimir uma sonoridade mais "azul". Graças a esse tipo de pedido, em alguns casos, o engenheiro opta por usar o chamado "botão do produtor". Essa incrível ferramenta da tecnologia é basicamente um botão aleatório que não serve pra nada (geralmente localizado em qualquer lugar da mesa de som) - mas que tem um efeito moral incrível quando apertado. Depois é só perguntar "E agora, melhorou?". Imediatamente o produtor começa a ouvir aquele som "azul" que ele queria.

Ontem eu passei pela situação inversa: tive minha primeira reunião com o designer que vai fazer a arte do disco, do site, a fan page e também reformular este blog que você está lendo agora. Sei que esse fundo salmão não diz muita coisa - mas foi o melhor que consegui com meus rasos conhecimentos de edição de html.  
O caso é que eu ainda não consigo fechar os olhos e imaginar a capa do disco. Quando se tratou de decidir como seria o som do disco, eu tinha certeza de absolutamente tudo, nos mínimos detalhes. Mas na hora de criar uma imagem pra esse som, fico completamente sem idéias. E aí entra o trabalho do designer. Tivemos uma reunião longa ontem onde eu falei tudo sobre o disco, ouvimos algumas coisas e enchi a cabeça dele de adjetivos. E o trabalho dele agora é transformar esses adjetivos em uma imagem, cores, ilustrações, tipografia... Difícil, né?

Espero que ele tenha um botão pra apertar quando eu disser que quero uma cor com mais "groove".

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A procura da felicidade.

Esses dias vi pela enésima vez, graças à repetitiva HBO, o filme "A procura da felicidade". Aquele com o Will Smith e seu filhote fofo - bem antes de se tornar o karate kid que não preencheu o espaço que Daniel San deixou em nossos corações.
Acho que a emocionante história real desse filme mexe com todo mundo que já sonhou alcançar alguma coisa. E como eu tenho estado uma manteiga derretida sensível nos últimos tempos, me fez chorar mais uma vez.O grande momento desse filme (sim, eu vou contar o final) é quando ele consegue o que lutou tanto para ter e diz que aquele pequeno momento de conquista era a felicidade.

Você deve estar se perguntando: por que diabos essa garota resolveu fazer crítica de cinema a essa altura do campeonato? Será que acabou o assunto do blog?
Tenha calma, vou chegar a algum lugar com tudo isso.

Bem, ontem eu liguei pro meu namorado umas 3 vezes só para dizer o quanto eu estava feliz. Parte do ataque de felicidade foi causada pelo belíssimo vídeo lançado ontem no Tocavideos, outra parte pela reação positiva dos amigos ao assistir o vídeo. E a parte mais importante: a música que estou cantando no vídeo é a primeira em muitas coisas. Foi a primeira que eu compus, a primeira parceria com Vinicius Castro, a primeira a entrar no repertório do disco e a primeira a ser divulgada e ouvida pelas pessoas antes do lançamento do disco - e, pelo que entendi, ela conquistou alguns corações.

Dizem por aí que hoje em dia, é só botar entre aspas e colocar um nome ao lado, que a citação ganha credibilidade. Pois bem, entre as pessoas que compartilharam o vídeo no Facebook, teve gente citando a letra entre aspas - e eu me senti o máximo.Vamos combinar que isso já é motivo suficiente para ter ganas de pular na cama e bater palminhas para si mesmo (coisa que eu fiz ontem, sem vergonha nenhuma de estar sendo completamente imbecil).

Pra resumir: senti exatamente a felicidade que o Will Smith retratou no seu filme. E mal posso esperar para ver o disco nas prateleiras das lojas, fazer shows de lançamento, ouvir as músicas no rádio...até o fim desse projeto sentirei muitas felicidades diferentes.

(Pra você que não entende porque um vídeo me fez tão feliz, assista no post anterior e fique feliz também.)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Barco.

Oba! A galera do Tocavideos lançou o clip de "Barco", música minha com Vinicius Castro, que está no disco!

Filmado no terraço da Tenda da Raposa, com direito a um visual incrível do Rio, vento cenográfico e passarinhos cantando junto!

O melhor já passou.

Tá bom, gravei um disco em 8 dias. Ou melhor, em 50 horas.

É difícil acreditar que consegui fazer tudo o que eu queria em tão pouco tempo. Eu sabia de antemão que o desafio era grande e não imaginei que conseguiria cumprir com a minha proposta mirabolante. Todas as expectativas em relação ao cumprimento dos horários eram sempre as mais pessimistas possíveis. E não é que deu tudo certinho?

(Esses dias Daniel estava rindo do termo "certinho". Segundo ele, faz parecer que a coisa está só um pouco ou meio certa - e todo mundo sabe que isso é impossível. Ou tá certo ou tá errado.)

Mas não é das metas de cronograma que eu quero falar - nem quero filosofar sobre certo e errado. 

O que está me deixando mais feliz no momento é saber que consegui passar pela etapa mais importante de todo o processo do disco - e muito satisfeita com o resultado até agora. E o mais bacana é ver a curiosidade das pessoas em ouvir as músicas. Mas confesso que tenho sentido um certo prazer em saber que só eu e Daniel até agora ouvimos como tudo ficou em todas as músicas  - o resto das pessoas não faz a menor ideia do que estamos aprontando. Tudo isso pra mim tem um quê de criação e conspiração, no melhor estilo Pink e o Cérebro tentando dominar o mundo.

Gosto de pensar que o disco é um segredo só meu. Dá até vontade de não lançar, de guardar segredo por mais tempo. Isso é muita maluquice, não é mesmo?

Acho que todo mundo que coloca uma nova ideia no mundo tem um pouquinho de ciúme no começo e quer conservar por mais um tempinho essa sensação de exclusividade. Pode ser que a ideia seja uma grande porcaria, mas aí é que está a grande sacada: não compartilha-la é uma forma de não sujeitarmo-nos às críticas e opiniões alheias - e assim podemos nos achar as pessoas mais inteligentes do universo.

Ainda bem que a minha vontade de ver essas músicas correndo o mundo e conquistando as pessoas é maior do que o desejo egocêntrico de me saber possuidora de um segredo genial - tipo a fórmula da Coca-cola. 
Pode deixar, eu vou lançar o disco.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

2.000 visitas!


É isso mesmo. Em apenas duas semanas, Luiza e o Disco já teve mais de 2.000 visitas! 
E os leitores são de toda parte do mundo. Como eu já disse aqui, além do Brasil, tivemos estatísticas de visitas nos EUA, na Rússia, na Espanha, na França, no tão falado Canadá... 

E pra comemorar, nada de post filosófico-querido-diário-existencial! 

Com vocês, imagens exclusivas das gravações da canção "Solução", de Vicente Nucci e Vinicius Castro. No vídeo dá pra ouvir um pouquinho de como vai ficar, mas, é claro, mantendo a voz em segredo...




Quem sabe na comemoração das 3.000 visitas eu não libero um trecho de uma faixa do disco?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

30 anos sem Elis ou os 70 anos de Nara?

É impossível um blog de cantora não citar as donas da data de hoje. Infelizmente, as comemorações do aniversário de morte de uma conseguiram sobrepujar em alguns sentidos as celebrações de aniversário da outra. O que é uma tremenda injustiça. Apesar de Elis ser uma unanimidade, Nara também teve grande importância na nossa música.
Pode ser que a disparidade que vemos hoje seja um reflexo da personalidade que cada uma apresentava. É compreensível que o jeito explosivo, intenso  e avassalador de Elis tenha cativado o público de uma forma que o jeitinho tímido da Nara não conseguiu. Mas não me venham dizer que Nara teve menor participação nos movimentos musicais brasileiros e foi uma cantora de menos atitude que Elis.
Apesar da rivalidade, elas compartilharam mais do que só o Ronaldo Bôscoli (que também "deu uns pegas" na Maysa).As duas tinham a proposta de fazer música de qualidade - e conseguiram fazê-lo, cada uma a seu modo. 

Existe um mito que envolve o cantor, todo mundo no meio musical sabe disso. Dizem que quando um cantor quer trocar uma lâmpada, ele a coloca no bocal e espera que o mundo gire ao redor dele. Em alguns casos, é mais ou menos por aí. Mas não podemos deixar que essa disputa de egos extra-musical se reflita na história e no modo como lembramos as pessoas depois da morte. 

Termino dizendo que nós cantoras da atualidade somos todas filhas de Elis e Nara. Filhas de Leny Andrade e Rosa Passos. Filhas de Carmen Miranda. Filhas de Gal e Bethania - e de tantas outras mães que escolhemos como referência para nossas carreiras.
Filhas porque herdamos de todas elas a oportunidade de fazermos cada uma o que bem entendermos com nossas vozes. Cada cantora que fez diferente, abriu espaço para que algo novo pudesse acontecer. Portanto, nada de melhor nem pior. Viva a diversidade!

Pra terminar, um lindo vídeo atual que não tem nada a ver com Nara ou Elis.  Duas cantoras mostrando que é possível fazer música juntas e que a fase da disputa entre egos já passou. 

Imbuída da filosofia do nosso "Richie Rich" brasileiro, Eike Batista, eu digo que música não é divisão. É multiplicação.



Em tempo, visite: http://www.naraleao.com.br/

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Mosca na SOPA.

Você já ouviu falar do que é SOPA? A sigla significa Stop Online Piracy Act, e o vídeo abaixo ajuda a entender um pouco melhor:


Agora que você já ouviu falar e está começando a entender como é, vou dizer o que eu penso.

Pode parecer uma insensatez pra você que vê de fora, mas eu faço parte da indústria do entretenimento e quero mais é que a minha música toque por aí e seja baixada por todo mundo. Estou investindo na gravação de um disco para divulgar meu trabalho e sei o quanto o mercado é difícil, mas quando reinavam as grandes gravadoras e a tecnologia de gravação não era acessível a todos, a realização desse sonho de gravar um disco seria quase impossível. E todo mundo sabe que o artista sempre ganhou muito pouco em comparação aos lucros que a gravadora obtinha em cima do seu trabalho.
Já faz tempo que caiu o esquema da indústria cultural com as grandes gravadoras e tudo mais. Assim como faz tempo que caíram em desuso a máquina de escrever, o orelhão com ficha e o aparelho de fax!

A ética sobre a propriedade intelectual está vivendo uma transformação- e nem por isso as pessoas deixaram de ganhar dinheiro a partir da sua produção cultural. Ao contrário, hoje em dia artistas do mundo inteiro encontram seu público à distância de um click. Eu, por exemplo - que ainda não sou ninguém - em menos de duas semanas já tive 1800 visitas ao blog- com leitores na Rússia,  EUA, França, Suíça... até Luiza, que está no Canadá, pode ter acesso às minhas publicações!

Por que então fazer disso um crime?
Além de ser uma forma de fechar as portas para vários artistas independentes é uma jogada que vai contra a liberdade de expressão. E a discussão vem logo do país onde se professa a liberdade como valor principal.

É claro que há limites, mas tudo tem a ver com o bom senso. 

Digo mais: todo esse compartilhamento de conteúdo on-line faz com que cada vez mais seja importante a presença do artista em carne e osso. Quando alguém baixa o disco e gosta, tem vontade de ir ver o artista se apresentar ao vivo - e é essa a beleza da música. Não importa qual seja a qualidade da gravação, nada se compara a ver o som acontecer ao vivo. Um caso que serve de exemplo foi o filme "Tropa de Elite" no Brasil, em que a pirataria antes da estréia não impediu que 2 milhões de pessoas fossem ao cinema assistir o filme.  Ir a um show ou ao cinema com seus amigos ainda é - e sempre será- muito mais divertido do que ouvir música e ver filmes sozinho em casa.

Posso ser só uma mosquinha nessa sopa toda. Mas compartilho com vocês pelo desejo de uma Internet livre.


E o resto é silêncio.


Foi com propósito que escolhi um título como este, cheio de significado- e com direito a referência "shakesperiana". Uso as palavras finais de Hamlet porque me vejo, assim como ele, chegando ao fim de um ciclo durante o qual a minha maior questão também foi "ser ou não ser".
(Dada a minha longa fuga do uso de expressões clichê, vocês podem imaginar o quanto eu me sinto uma escritora original ao reutilizar estas palavras. Mas já que vivemos um momento em que a sustentabilidade está em voga, por que não reciclar também as palavras?)

O que eu quero dizer de verdade é que estou estranhando o silêncio depois de uma semana inteira respirando música. Depois de passar 44 horas em estúdio, sinto um vazio solene que invade o cotidiano ao meu redor.
Talvez seja porque meus ouvidos estejam menos ocupados agora e a única música que ouço me vem pelos fones do Ipod como distração enquanto faço minhas corridas no Aterro do Flamengo...

Mas acredito que difícil mesmo é sair do mundo de sonho que vivi durante a semana de gravações para voltar ao nosso mundo real de cada dia. Me sinto como uma pessoa em fase de desintoxicação, só que ao contrário.
Em outras palavras: é bem complicado ir ao banco, ensaiar e dar aulas depois de sentir o gosto de como é estar completamente envolvida com a minha música- investindo todo o meu tempo, energia e trabalho.

O meu "ser ou não ser" é um confronto entre a vida que tenho e a vida que eu quero ter.
Tem gente que acha que ser professor de música ou cantar no barzinho é bom porque de um modo ou de outro estamos envolvidos com o que a gente gosta. Mas hoje eu não vejo tanta diferença entre cantar no barzinho e ser gerente de banco, por exemplo -porque as duas ocupações, embora louváveis e honestas, não são o que eu realmente sonhei para mim. Infelizmente, no meu caso, realizar sonhos custa dinheiro (e como!) e dinheiro custa ganhar.

Então, vamos viver um pouquinho o silêncio. Afinal, pausa também é música.


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sábado de sol

No último sabado recebi no estúdio a visita da equipe do Tocavideos. Eles fazem um trabalho incrível capturando imagens de músicos e sua performance. E serão os responsáveis pela edição das imagens de making-off do disco!
Vale a pena curtir a página deles no Facebook e acompanhar o trabalho dos caras.

Além do making-off, com entrevistas e imagens exclusivas dos bastidores, fizemos um vídeo no terraço da casa onde fica o estúdio Tenda da Raposa (espaço lindo gentilmente cedido por Carlos Fuchs). O dia estava maravilhoso e muuuuito quente!

Semana que vem o vídeo já estará disponível no Tocavideos! E eu vou publicar aqui em primeira mão, junto com eles.
Por enquanto, deixo vocês com algumas fotos tiradas durante as filmagens pra vocês irem sentindo um gostinho de como vai ficar...

                                         



Fotos de Fernando Neumayer.
(Confiram mais sobre ele no blog Som Imaginário)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Fotos da gravação

Aqui vão algumas fotos das gravações! Imagens exclusivas pra vocês!



Porque a gente gosta mesmo é quando o livro tem muitas figuras!

Depois eu conto mais do que rolou nos dois últimos dias...

domingo, 15 de janeiro de 2012

In english, please.

I may not be such a good writer in english as I am in portuguese. But i'm sure that no one who reads me in english will ever know how bad I am in portuguese. Lucky me!

Anyways, this post is an attempt to be fair to my friends all over the world.
I know that Daniel (the producer)  is trying to make his friends in America read my blog. I'm really thankfull for the effort, but I know that Google Translate sucks in so many ways...

So, lets get to what really matters here: my CD!

(Please notice that the blog's  title "Luiza e o Disco" is not about me and the 70's dance music. Although John Travolta, The Bee Gees and their associates are still huge all over the world, this ship has sailed. The real translation is Luiza and the Record or Luiza and the CD.)

First of all, this is an independent project based on only one thing: my love for music.
I've been singing since I was 8, but through the last 5 years things got a little more serious and now I've chosen to stablish a singing career. And this record is my biggest statement as a performing artist.

I've chosen songs written by brazilian composers that are the new generation of our music. Along with these ones, I wrote some songs too. The musicians are also brazilian. And my main goal is to do a modern brazilian music, with jazz references and with a sofisticated groove.
(Please notice again that when I say groove, I'm not talking about dance music. Groove is when you feel the pulse of music, like a beating heart. And you can't help yourself - the sound takes over you.)

And I've chosen Dan Garcia as a producer not only because he is a real gentleman and is one of the nicest people I've ever met. He is a great professional and his ideas about this record are the same as mine. None of the musicians involved in this project met Daniel before, and in only one week of hard work he is being recognized as a great producer by all of my friends.

I really hope that this CD gets to people all over the globe. And that my music, combined with Daniel's work, can overcome boundaries.

I'll try to make an effort to translate every post from now on – if only you promisse to share my blog on Facebook. I need more international readers. (Just for the record: I'm being sarcastic.Or not.)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sexta-feira 13: Dia de São Mateus.

É, minha gente... depois de quatro dias às mil maravilhas, tinha que chegar o dia difícil. E calhou de ser logo numa sexta-feira 13... vai entender, né?

Chega uma hora em que o computador começa a "dar pau". E aí não há cristão que dê jeito.
Mas teve uma santa alma hoje que foi o grande herói do dia: Mateus Xavier!

Ele matou todas as percussões do disco e, mesmo depois de horas de cansaço, conseguiu fazer uns blocks geniais no raggae que estamos fazendo! Além disso, ele é um arranjador de mão cheia, que deu outro significado a uma música que já faz parte do meu repertório há 5 anos... a mais antiga entre as que foram escolhidas para o disco.

Obrigada, Mateusinho!

Tivemos também a visita super especial da Julia Guimarães que fez fotos lindas de making-off que em breve eu publico aqui. Além de ser grande fotógrafa, ela é a razão de eu ter encontrado meu produtor, Dan Garcia. Devemos muito deste trabalho à presença desta menina em nossas vidas!

Alguns de vocês devem se lembrar que este blog foi uma iniciativa de uma das minhas muitas noites insones. Pois bem, acho que meu tempo de noites mal dormidas está chegando ao fim. Mas nada disso é porque estou mais tranquila e relaxada. Graças ao cansaço de uma semana inteira em estúdio pelo menos 6 horas por dia não estou sentindo nada. Nem as pernas, nem os braços, nem as costas... 

Vou dormir o sono dos justos. Amanhã tem mais.


"Takeleaks"


Não era pra eu estar fazendo isso. Não era mesmo. Mas eu sou uma sensacionalista de mão cheia -daquele tipo que sente saudade do "Teste de Fidelidade" do João Cléber. E todo mundo sabe que nesses tempos de BBB a gente tem que fazer de tudo para chamar a atenção.  

Então eu decidi divulgar um trechinho de um take, totalmente off-the-records. Sim, eu mesma estou vazando conteúdo sigiloso do meu próprio trabalho.

Sem nenhuma edição, sem afinar voz, sem mixagem nem nada. Pra você que leu o meu breve "Glossário", fica fácil entender que é um material bruto, porque não passou pelos processos de pós-produção. Para muita gente é uma temeridade divulgar um material nesse estágio da produção, mas acho importante porque o objetivo deste blog é justamente mostrar como as coisas são. Embora haja erros e eu tenha certeza de que o resultado final vai ser bem diferente do que vocês vão ouvir agora, acho válido mostrar que somos gente de verdade fazendo música com verdade. 

A canção é "Dois Corações" de Francisco Pellegrini e Marcelo Fedrá. E o take é exatamente o primeiro de todos. O pianista maravilhoso que está tocando é o João Bittencourt. 

Vocês vão ouvir agora um retrato (sem photoshop) do primeiro momento de gravação da última quarta feira.
Conteúdo impróprio para perfeccionistas e pessoas com ouvido absoluto.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Enfim, voz.

Hoje começo a gravar as vozes do disco, daqui a pouquinho. É o momento mais esperado por mim e começo a me perguntar se realmente estou preparada para essa missão. 

Obviamente, eu estudei bastante cada uma das músicas. Também fiz algumas aulas de canto com o super expert Felipe Abreu para estar pronta na hora de gravar. Ele me deu muitos conselhos valiosos, aos quais tenho estado sempre atenta.  Mas na hora de ficar frente a frente com o microfone, sozinha na sala do estúdio, o bicho pega. Na verdade,  sinto que fico frente a frente comigo mesma - meus medos, limites, qualidades e defeitos todos ali, expostos à precisão de um microfone de gravação que capta até pensamento.

E a minha grande preocupação não é só respirar na hora certa, afinar as notas, lembrar a letra, fazer a dinâmica e o timbre certos. A minha maior preocupação é não ter nenhuma preocupação e simplesmente cantar. (No melhor estilo Bobby McFerrin: "Don't worry, be happy.")

Parece papo de maluco, eu sei. Mas artista é assim mesmo. Cantor então, pior ainda!

Para aplacar a maluquice eu optei por fazer duas coisas ontem e hoje: me inspirar e relaxar.

Para me inspirar, assisti a vários vídeos dos Beatles em estúdio. Não sei o que há nessas imagens, mas elas são de uma magia ímpar. Acho que não vem ao caso tentar explicar porque elas são mágicas. Elas são, e ponto. 

Vejam com seus próprios olhos e me digam se estou errada:
                                       

E para relaxar, vou ali fazer uma sessão de acupuntura - porque só dormir não está dando muito certo.
Tomara que funcione.




quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ressuscitando no terceiro dia.

Depois de dois dias de sucesso total na gravação das bases, começamos a descansar carregando pedra.

Primeiro com os compositores Luiz Morais e Vinicius Castro emprestando seus talentos de instrumentistas, colocando violões nas suas respectivas canções. Rolou um violão de 12 cordas incrível !

Depois, eu e João Bittencourt começamos a encarar o desafio de fazer a canção lenta do disco - apenas com voz e piano, e uma sanfona para dar um colorido especial. E aqui estamos até agora.

Desde o começo da escolha do repertório, eu tive sérias dúvidas quanto a colocar uma música lenta no disco. Não sou dessas cantoras que fazem interpretações super emocionantes de baladas que fazem chorar. Mas a canção que escolhi foi uma que na verdade me escolheu. E quem me convenceu a coloca-la no repertorio foi o Yuri - grande defensor das músicas lentas e emocionantes.

Enfrentar a gravação dessa música é encarar as minhas barreiras e dificuldades como intérprete - nos quesitos técnicos e também na hora da entrega como artista. Espero sair bem dessa. Fortalecida e pronta para outros desafios como cantora.

São exatamente 22:01 e eu já pedi pro dono do estudio para passarmos mais algum tempinho aqui, aproveitando para fazer o que ainda temos energia para fazer hoje.


Daqui a pouco chega a Pizza do Chico e tudo vai ficar um pouquinho melhor por aqui.

Um breve glossário.

Tenho falado de muitos termos por aqui que devem confundir algumas pessoas que não lidam com música. Então, decidi fazer um breve glossário para esclarecer tudo e continuarmos nosso papo sem dúvidas.

Começando do começo:

- Glossário: lista dos significados de termos, expressões e palavras que estão sendo usadas aqui no blog. Não é bem um dicionário, é algo mais específico.
- Click: é um som que marca o pulso, ou seja, a velocidade da música a ser gravada. A unidade de medida é em BPM (batidas por minuto). É um barulhinho insuportável para muitos, mas que garante que todo mundo fique juntinho na hora de tocar.
- Take: é o momento compreendido entre o "rec" e o "stop". É possível fazer vários takes da mesma música e depois juntar os melhores momentos de cada vez que ela foi tocada para formar uma faixa só.
- Canal: é uma entrada de áudio. Na época do começo da carreira dos Beatles, por exemplo, só era possível gravar 4 canais. Imagine só o desafio para dar conta de gravar vozes, bateria, baixo e guitarras. Hoje em dia, é possível ter um canal para cada instrumento - ou até mais. 
- Edição: sempre acontece depois das gravações e é o processo de recortar, copiar e colar -exatamente como a gente aprendeu na aula de artes no Jardim de Infância. O processo de edição serve para ajustar coisas que ficaram um pouco desencontradas ou para criar uma sobreposição de sons, por exemplo. Na edição também é possível usar trechos que ficaram bons em outros takes e fazer substituições. Dependendo da qualidade dos músicos durante a gravação, pode acabar sobrando muuuuuita edição para fazer depois e o áudio acaba virando o que chamamos de "frankeinstein".
- Mixagem: é o processo que acontece para equilibrar o som dos instrumentos gravados. É um momento de muita criatividade, onde o engenheiro de som pode escolher o que quer ouvir  e como ouvir - alterando volumes, timbres e adicionando efeitos aos sons já gravados.
- Masterização: é a ultima etapa da pos-produção do audio. Neste momento, acontece um monitoramento em que o engenheiro tem que ouvir cada detalhe de cada faixa. E a partir de testes em vários equipamentos de reprodução de áudio, o disco fica pronto para ser ouvido com a melhor qualidade de áudio possível em qualquer lugar.
- Arranjador: é a pessoa responsável por fazer um arranjo para uma música. O trabalho dele é decidir como vai ser a harmonia, que instrumentos entram e saem em qual momento, além de criar melodias (como introduções, por exemplo), convenções (conhecidas por muitos como  "paradinhas") e decidir como a música começa e termina.
- Gig: além de ser a sigla identificadora do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro - Galeão/Antonio Carlos Jobim, é uma expressão em inglês que se refere a uma apresentação ou show de uma banda. No Brasil, nós acabamos usando o termo para nos referir aos trabalhos com música. (conforme já falei no post "Os trabalhos e o meu trabalho")

Mais alguma dúvida?

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Segundo dia: o milagre da multiplicação das bases.

É, meus amigos...nestes dois últimos dias nós conseguimos fazer chover!
Fizemos 10 músicas em duas sessões de gravação. Isso significa que todas as músicas agora têm bateria, baixo, pianos, teclados, violões e guitarras gravados. É praticamente como ter metade de um disco já gravado, em apenas dois dias!

Trata-se de um milagre de proporções bíblicas! Tem muita gente que tenta, mas poucos conseguem alcançar esse feito.
Mas aqui os santos têm nome e sobrenome, e eu vou tratando de denunciar: Dan Garcia, Antonio Neves, Davi Mello, Luiz Morais, Vinicius Castro, Chico Oliveira, João Bittencourt - com a ajuda dos anjinhos  Yuri Villar,  Henrique Vilhena e Daniel Vasques! Muito obrigada!

E agora, mais um vídeo com cenas recentes das gravações! 

Pra deixar todo mundo curioso (ou confuso), troquei o som original do vídeo por uma trilha sonora que faz parte dos áudios de pré-produção do disco - e coincidentemente é um esboço do arranjo que estava sendo construído para a música cujas imagens estão no vídeo. (Deu pra entender mais ou menos?)

Primeiro vou liberando as imagens das gravações... depois, os sons!






segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Primeiro dia: missão comprida.

Não, eu não cometi um erro crasso no título. Foi exatamente isso que eu quis dizer: o dia hoje foi longo!
Uma missão das grandes. E conseguimos cumpri-la (agora sim - com U), além das minhas expectativas.
Não sei se eu sou pessimista, ou se eu estava tentando me manter naquela de "quem não espera nada nunca se decepciona". Mas sei que o resultado está infinitamente melhor do que eu esperava.
Começamos com o pé direito, marcando um golaço ao gravar cinco bases em um dia só.

Fiquei feliz em ver todo mundo gostando de tocar, ver o produtor e os músicos se entrosando e um som incrível acontecendo...

Tomara que amanhã não role a maldição do segundo dia. Sai pra lá, zica!

Todos os desejos de boa sorte e energias positivas surtiram efeito hoje. Obrigada aos amigos que enviaram mensagens e que estão torcendo por mim!

Amanhã posto fotos, vídeos e todo o conteúdo multimídia pra você que não tem paciência de ler textos autobiográficos.

Fotos do último ensaio

Um pouquinho dos momentos do último ensaio pra vocês! E hoje mais tarde eu volto aqui pra contar como foi o primeiro dia de gravações!


domingo, 8 de janeiro de 2012

Não há título que dê conta.


Muito difícil arrumar um título para o post de hoje. Eu o chamaria de "Amanhã", mas isso remeteria àquela canção do Guilherme Arantes que ninguém aguenta mais. Até concordo com ele quando a letra diz que "amanhã será um lindo dia da mais louca alegria que se possa imaginar", mas existe um limite para citações cafonas aqui neste blog. 

É assustador me dar conta de que passei os últimos meses me preparando para a semana que começa amanhã. Depois de tanto trabalho, noites sem dormir, preocupações e dedicação, tudo vai se resumir a uma semana de gravações. E aí você pode me perguntar: mas e a mixagem? E a masterização? E o projeto gráfico? E a prensagem? 

Sei que ainda há muito por vir até que o disco esteja prontinho aqui na minha mão. Mas eu considero a gravação a etapa mais importante justamente porque é o registro da música - que é o que realmente importa nessa história toda. E tem mais: por melhores e mais avançadas que sejam as tecnologias de gravação de áudio de que dispomos atualmente, sinto como se os erros na gravação não tivessem volta. É tudo uma questão de momento, uma fotografia do som (nossa, que sinestésico!). E não há "photoshop" de áudio que dê jeito numa música tocada sem coração.

Por isso, escolhi músicos nos quais confio plenamente. Sei que o resultado do trabalho deles será incrível - e feito com muito carinho. 

Amanhã começamos com a gravação das bases. Que seja lindo!

Pra encerrar, pensei em colocar um vídeo do Guilherme Arantes interpretando "Amanhã", mas achei melhor editar um vídeo com cenas do primeiro ensaio com a banda!





Obs: Pra você que acha que base é só um dos elementos da maquiagem feminina ou só viu essa palavra no colégio quando tinha que encontrar a área do pentágono de base 5cm e altura 10cm, aí vai um pouco de conhecimento geral: 
As bases da gravação de um disco são os instrumentos que dão sustentação rítmica e harmônica. Por exemplo, as bases do meu disco terão sempre bateria, baixo, piano/teclados, violão/guitarra. Sacou?



sábado, 7 de janeiro de 2012

A maldição do segundo dia ou: será que é isso mesmo?

Diferente dos músicos, os atores são cheios de histórias- pra não dizer que são cheios de "guéri-guéri".
Segundo nossos amigos da quinta arte*, reza a lenda que a segunda sessão (ou récita) de uma peça é sempre um fracasso depois de uma estréia de sucesso. Todo mundo que fez alguma temporada de apresentações já passou por isso- ou não.
A explicação "científica" para essa maldição é que no primeiro dia o nervosismo da estréia injeta adrenalina no corpo dos atores e isso faz com que todos fiquem atentos para desempenhar seus papéis. No segundo dia o organismo não consegue atingir a mesma produção de adrenalina e o rendimento cai..
Mas, tem outro fator importante: ao fazer uma coisa pela primeira vez com sucesso, acabamos tendo a sensação de "jogo ganho" ao tentarmos pela segunda vez. E é aí que a gente se descuida e as coisas saem do controle.
Pois é, no ensaio de hoje rolou um pouquinho dessa sensação. Foi o nosso segundo dia juntos. Ontem estávamos todos muito atentos e concentrados aos detalhes e hoje tudo acabou ficando um pouco mais frouxo... mas, ensaiamos ate tarde ontem a noite e hoje fizemos um ensaio logo de manhã - e teve músico que ainda trabalhou durante a madrugada. 
A nossa vida não é fácil mesmo.


E sabe o que mais é difícil? Escolher repertório aos 45 do segundo tempo! Não é que o produtor inventou de  gravarmos uma música em inglês? 
Estou aqui tentando decidir entre Cole Porter, Burt Bacharach ou Beach Boys... qual será a canção escolhida? Alguém tem um palpite ou sugestão?


* Lugar do Teatro entre as sete artes. Todo mundo sabe que o cinema é a "sétima arte", mas você sabia que a música é a primeira de todas?

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O primeiro ensaio ou: e agora?

Hoje começou oficialmente a maratona. E agora eu só paro dia 16, com um disco gravado!
O primeiro ensaio sempre dá aquela sensação de trem-fantasma... a cada compasso, pode acontecer uma grande surpresa. Mas depois de um tempo o som começa a tomar forma e as coisas começam a se ajeitar.
Então começam aquelas questões que você nem imagina que poderiam existir - e quando você se dá conta, o pianista e o guitarrista acabam discutindo a relação na tentativa de decidir quem fica fazendo a levada, quem vai pro agudo, quem faz os arpejos... Quem vê de fora pode até pensar que são um casal mesmo, daqueles que precisam seriamente de aconselhamento psicológico. 

Há quem pense que ensaio é tudo perda de tempo e que na verdade nós músicos só estamos passando tempo juntos nos divertindo e levando um som. Mas não é bem por aí. Cada detalhe conta. Uma idéia diferente durante o processo pode colocar tudo a perder ou ser a chave do sucesso.

Ontem, na reunião que tive com o Dan (meu produtor) ele contou vários ˜causos˜. Um dos que mais gostei e que foi inspirador para mim era uma história sobre os Beatles. Nos anos 60, devido às limitações técnicas (que hoje nós não vivemos mais), o Paul McCartney não podia gravar voz e baixo ao mesmo tempo - porque era tudo gravado em poucas pistas. No final das contas, ele acabou gravando o baixo sozinho, depois de toda a banda ter gravado suas partes. E o resultado acabou sendo um baixo criativo, cheio de melodias e com um volume um pouco mais alto do que acontecia na época. Quando o disco chegou aos EUA, todos ficaram com ciúme daquele baixista incrível e da genialidade e presença daquelas melodias tocadas por ele. 
Vai que acontece uma dessas comigo?

Aproveitei alguns momentos pra tirar umas fotos exclusivas pra vocês!



(Davi Mello)

(Antonio Neves)

(Chico Oliveira)

(João Bittencourt)

(Yuri Villar)

Estréia mundial!

Já que ninguém aguenta mais ler textos e mais textos, apresento pra vocês, com exclusividade, o primeiro resultado da minha parceria com o produtor Dan Garcia.

Gravamos em 2011, com Mateus Xavier na percussão, Ricardo Rito no teclado e Julio Florindo no baixo. Essa é a nossa versão de "Bala Perdida", de Vinicius Castro, em primeira mão pra vocês!






E hoje ainda rola o primeiro ensaio para as gravações! Volto aqui pra contar se deu tudo errado ou não!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Garotos II

Você está muito enganado se acha que eu vou falar daquela música do Leoni. Esse título é só  um gancho pra eu voltar a falar dos homens que fazem parte da produção desse disco. Já contei pra vocês quem são os músicos, mas não posso começar a falar dos outros envolvidos neste projeto sem antes lembrar dois homens muito especiais.
O primeiro deles é meu pai. Ele sempre diz que se orgulha muito de ter ensinado duas coisas a mim e à minha irmã: a fé em Deus e o amor à música. Foi ele quem me matriculou na primeira escola de música, ele quem me deu meu primeiro violino, ele quem comprou a idéia de eu tocar viola, e todas as minhas birutices musicais. Se não fosse por ele, este disco não estaria acontecendo agora.
O segundo deles é o Julio Florindo. Hoje eu estava com o Rodrigo Marsillac (grande pianista e compositor, confiram o trabalho dele em: www.lotuscombo.com) e estávamos recordando a minha primeira experiência como cantora, acompanhada pelo Quinteto Mandacaru, em 2008. Rodrigo me contou que à época, Julio o convidou para o grupo dizendo que eu era uma violista com uma voz bonita que queria cantar sem pretensões. E olha só as voltas que a vida deu. Dizem os piegas de plantão que toda caminhada começa no primeiro passo – e se eu tenho alguém a agradecer pelo primeiro passo da minha carreira como cantora, é ao Julio.

E com o passar dos anos foram chegando outros grandes garotos na minha vida. Na faculdade, conheci Mateus Xavier, percussionista e arranjador do disco. Conheci Vinicius Castro, compositor, arranjador e parceiro de todas as empreitadas. Conheci meu irmão Luiz Morais, compositor, arranjador e violonista – que passou dois anos morando fora e voltou bem em tempo de gravar comigo. E tive a honra de conhecer Marcelo Fedrá, Francisco Pellegrini (de quem já falei por aqui) e Pedro Ivo, que completam o time dos compositores que escolhi para interpretar. 
Agora só falta eu ser amiga do Djavan e da Rosa Passos. Alguém tem o telefone deles? 

      (Na foto: Yuri Villar, Mateus Xavier, Luiza Sales, Julio Florindo, Dan Garcia e Ricardo Rito)

O último cara a entrar na minha vida foi uma bênção chamada Dan Garcia (www.dangarcia.net). O conheci através da Julia Guimarães (outra bênção de pessoa), quando ele esteve no Brasil em meados de 2011. Ele é produtor musical, vive em Los Angeles e estava à procura de um artista brasileiro. Resolvemos fazer uma experiência juntos e gravamos duas músicas. Depois dessas gravações eu decidi que ele seria o produtor do meu disco. Cantei tantas vezes para tantas pessoas e com ele tive pela primeira vez a sensação de que a minha voz estava realmente sendo ouvida com carinho e atenção, nos mínimos detalhes – e isso faz toda a diferença na hora de estar no estúdio com alguém.

Será que eu publico aqui em primeira mão uma das gravações inéditas que fizemos em 2011? 









Os trabalhos e o meu trabalho.

Todo musico adora reclamar. Vivem falando de fazer coisas como carregar instrumento, estudar horas a fio, tocar músicas que não gostam, fazer todas as “gigs” e esperar a passagem de som. Sim, tudo isso é muito chato. Mas, dizem os espirituosos, ainda é melhor que trabalhar.
Brincadeiras à parte, todo músico gosta de separar “os trabalhos” do seu próprio trabalho. Geralmente, “os trabalhos” são as aulas particulares ou em escolas de música, alguns shows com o repertório que o publico quer ouvir (ou que o contratante escolhe) e até tocar em casamentos. Nessas situações a gente se mete em tudo! Eu, por exemplo, já fui contratada para cantar numa missa de sétimo dia. É o típico trabalho meio trágico, meio cômico – pelo simples motivo de você não fazer idéia de que um dia chegaria a uma situação dessas como profissional da música.
Já no que o músico chama de “meu trabalho”, o profissional está envolvido completamente. Neste tipo de situação, é ele quem escolhe ou compõe o próprio repertório e arranjos, quem escolhe os músicos com quem vai tocar e se sente realizado pela tentativa de fazer exatamente aquilo que procura como artista. E, pasmem, é justamente neste tipo de trabalho – que envolve o músico intelectualmente, artisticamente e tecnicamente – que a sociedade espera que o músico se apresente de graça. Infelizmente, a nossa vontade de fazer acontecer o trabalho do qual nos orgulhamos, faz com que muitas vezes a gente aceite tocar de graça. Quem está de fora, pensa que estamos fazendo aquilo pela divulgação, com vistas a algo maior mais adiante – pensando que um produtor do Faustão ou do Raul Gil pode estar na platéia. Mas essas pessoas que assistem não fazem idéia de que o que realmente nos move é a vontade de tocar nosso som e compartilhar com outras pessoas.  
Espero que chegue o dia em que eu e todos os meus colegas possamos ter nossos trabalhos. E que a gente ganhe milhares de dólares para produzir nossos discos e que possamos nos dedicar única e exclusivamente a isso.
Essa semana, estarei envolvida em trabalhos que gosto de chamar de meus!
Ontem passei  a noite ensaiando e hoje tenho gravação com a Gafieira F.C. (www.myspace.com/gafieirafc) num estúdio incrível, com músicos incríveis e vamos filmar essa experiência incrível para compartilhar em breve...

Depois, mais tarde, tem Vinicius Castro (www.viniciuscastro.com.br) no Studio RJ e eu vou participar desse show incrível!


E, amanhã, tenho gravação do CD do Ordinarius (www.osordinariosvocal.com.br), esse grupo vocal incrível do qual faço parte!


É, a gente produz um disco e a vida não para!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Pausa para o comercial: os homens da minha vida.



É isso mesmo que você está lendo. Depois de tanto enrolar vocês falando de coisas supostamente sérias relacionadas à minha carreira, está na hora de abandonar o papo mulherzinha existencial e falar de homem!
Durante toda a minha vida, sempre tive mais facilidade em fazer amizade com os meninos. Assim, conheci o Victinho aos 9 anos e aí está ele até hoje sendo meu melhor amigo. No ensino médio eu era aquela que andava com os meninos. Quando cheguei à faculdade, que alegria! A Unirio tinha uma proporção de 80 rapazes para cada 20 mocinhas– e isso era ótimo porque eu me via ao lado de poucas e especiais mulheres (mulheres musicistas, como eu) e rodeada de divertidíssimos homens, do meu tipo preferido: os músicos (mas juro de pé junto que não sou “maria-colcheia”, vejam bem...).
Pois, é claro, que no meu disco não poderia ser diferente. Eles estão por toda a parte, cumprindo todo o tipo de função – ou, como eles gostam de dizer, jogando nas onze. 
Pra você que não sabe muito bem como funciona isso de direção, produção, arranjos, co-produção, fique aliviado porque eu também até hoje não sei exatamente a linha tênue que divide essas funções. Sei que, no meu trabalho, eu sou um pouco diretora, um pouco produtora, um pouco arranjadora e o que me norteia é o som que quero ouvir do meu disco, só isso.
E para me ajudar nesta tarefa incrível, conto com amigos queridos de muitos anos e alguns já muito queridos de poucos meses.
Vou começar pelos músicos, que foram os últimos a serem escolhidos.


             ( Na foto: Davi Mello, João Bittencourt e Chico Oliveira)

Os Coringas são um quinteto instrumental que tem animado festas pelo Rio de Janeiro afora... são um dos novos grupos responsáveis pela retomada da música instrumental e do jazz frente ao publico jovem carioca. Escolhi gravar um disco inteiro com a mesma banda porque sei que a intimidade que eles têm tocando juntos vai somar muito ao trabalho, dando ‘liga’ ao som. Quis os Coringas porque eles prezam por algo que eu faço questão de ter no meu som. Tem gente que chama de groove, outros apelidam de suingue – mas não importa o nome, o negócio é fazer a música pulsar. Já no primeiro ensaio senti a pressão do som deles e fiquei felicíssima pela minha escolha. E tem mais: Os Coringas também serão a banda que vai estar comigo nos shows de lançamento do disco!

O baterista é o Antonio Neves,nos conhecemos há 4 anos. Ele esteve presente na minha estréia como cantora, fazendo parte do Quinteto Mandacaru- a primeira banda que me acompanhou. O baixista é o Chico Oliveira que tocou pela primeira vez comigo fazendo um "sub" de última hora e salvando o show. Desde aquele dia resolvi que ele estaria em todos os meus trabalhos – e pra melhorar, ele é tricolor como eu, graças a Deus! O pianista é o João Bittencourt, meu professor de piano – nem precisa falar mais nada né? O guitarrista é o David Mello, grande músico, o único que eu não conhecia antes – mas que foi a minha melhor supresa na formação da banda. Por ultimo, o saxofonista é o Yuri Villar.
Ele merece um capítulo à parte porque além de ser um excelente instrumentista, ele é meu parceiro de composição, arranjador incrível e co-produtor. E tem a paciência de dividir mais do que só a sua música comigo. O Yuri tem sido o meu grande companheiro nesta empreitada, me ouvindo, me acalmando, dando sábios conselhos e segurando a onda dos meus ataques de histeria – com direito a muito choro e reclamações. Esse post é pra ele, o meu homem preferido!

Mas se você pensa que 5 homens no estúdio já são suficientes pra mim, está enganado! Ainda falta falar dos compositores, arranjadores e do produtor que é uma das causas de tudo isto estar acontecendo. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Começando do começo: o repertório, como é que escolhe?


Depois de estar completamente convencida de que eu precisava gravar um disco, me deparei com a segunda pergunta mais importante: por onde começar?
São tantas escolhas por fazer... onde gravar? Com quais músicos? Quando fazer? Quem vai produzir? Quem vai fazer os arranjos? Como é que vai estar o meu cabelo na foto de divulgação?

Entre tantas dúvidas, foi na Ponte Rio-Niterói que alcancei a iluminação, em meados de 2011.
Estávamos eu e Francisco Pellegrini (compositor, pianista e amigo) a caminho de mais uma “gig”. Eram 19h de uma sexta feira à noite. No rádio, a chatíssima Voz do Brasil. Precisávamos chegar a Niterói para tocar no Bar Itália e passamos 1:30h completamente parados na Perimetral. Não estávamos nem perto de chegar ao destino, quando já recebíamos as ligações nervosas do colega que lá chegou primeiro e nos aguardava ansioso para a bendita passagem de som.
Aproveitamos a chance para botar a conversa em dia. O Francisco, ou melhor, o Chico estava morando em Buenos Aires e me contava suas aventuras porteñas. Falamos de música, sonhos, ansiedade e, naturalmente, surgiu o papo sobre meu primeiro disco, que já era uma grande vontade.
Ele havia acabado de lançar o primeiro disco dele, junto com os queridos Lourenço Vasconcelos e Lise Bastos – que formam um trio instrumental de altíssimo nível chamado Três (ouça em: http://www.myspace.com/triotres).
Ele foi me contando suas experiências com este trabalho e foi aí que ele me deu o conselho mais valioso: “Comece pela escolha do repertório e faça listas, muitas listas.”
E assim eu fiz. Comecei a fazer uma lista por dia. Sempre trabalhando com um universo de 10 músicas, ia fazendo ajustes, trocando uma por outra. Sei que a lista mudou algumas vezes e hoje cheguei a um resultado que me satisfaz em muitos aspectos, porque vejo que o disco tem uma história pra contar.
Mas de onde é que eu tirei as músicas para colocar nas tais listas?
Pense numa criança sozinha numa loja de doces com dinheiro suficiente pra comprar todas as guloseimas que ela quer. É mais ou menos assim que funcionou a escolha de repertório para mim.
Antes de começar as listas, eu já havia começado uma grande pesquisa de repertório. Troquei e-mails com muitos amigos compositores, fui a saraus e shows, ouvi vários discos, recebi compositores em casa para me mostrarem seus trabalhos... e durante este processo de descoberta, me maravilhei com muita coisa boa que está sendo feita por aí.
Mas, é claro, não dá pra gravar tudo o que a gente gosta.  As músicas que escolhi para o repertório do disco são canções que eu gostaria de ter feito. São melodias que têm exatamente o tipo de construção que eu gosto de cantar. São letras que dizem exatamente o que eu gostaria de falar.
E mais do que isso: no final das contas, acho que todas as músicas que estão no disco me escolheram. Algumas se “ofereceram” para serem compostas por mim. Outras chegaram e me conquistaram logo na primeira audição. Outras eu aprendi a amar aos poucos. Mas todas, sem exceção, ficaram na minha cabeça por dias e dias quando as conheci.
Conhecer uma música nova e se identificar com ela - por mais piegas que possa soar - é como fazer um novo amigo.
O que eu posso adiantar pra vocês é que vai ter música minha, música inédita e, é claro, que não poderia faltar uma das obras primas do Djavan e uma surpresinha da Rosa Passos, musicista que eu admiro muito e faço questão de homenagear no meu trabalho. Falta pouco pra conferir o resultado... aguardem!