Foi com propósito que escolhi um título como este, cheio de significado- e com direito a referência "shakesperiana". Uso as palavras finais de Hamlet porque me vejo, assim como ele, chegando ao fim de um ciclo durante o qual a minha maior questão também foi "ser ou não ser".
(Dada a minha longa fuga do uso de expressões clichê, vocês podem imaginar o quanto eu me sinto uma escritora original ao reutilizar estas palavras. Mas já que vivemos um momento em que a sustentabilidade está em voga, por que não reciclar também as palavras?)
O que eu quero dizer de verdade é que estou estranhando o silêncio depois de uma semana inteira respirando música. Depois de passar 44 horas em estúdio, sinto um vazio solene que invade o cotidiano ao meu redor.
Talvez seja porque meus ouvidos estejam menos ocupados agora e a única música que ouço me vem pelos fones do Ipod como distração enquanto faço minhas corridas no Aterro do Flamengo...
Mas acredito que difícil mesmo é sair do mundo de sonho que vivi durante a semana de gravações para voltar ao nosso mundo real de cada dia. Me sinto como uma pessoa em fase de desintoxicação, só que ao contrário.
Em outras palavras: é bem complicado ir ao banco, ensaiar e dar aulas depois de sentir o gosto de como é estar completamente envolvida com a minha música- investindo todo o meu tempo, energia e trabalho.
O meu "ser ou não ser" é um confronto entre a vida que tenho e a vida que eu quero ter.
Tem gente que acha que ser professor de música ou cantar no barzinho é bom porque de um modo ou de outro estamos envolvidos com o que a gente gosta. Mas hoje eu não vejo tanta diferença entre cantar no barzinho e ser gerente de banco, por exemplo -porque as duas ocupações, embora louváveis e honestas, não são o que eu realmente sonhei para mim. Infelizmente, no meu caso, realizar sonhos custa dinheiro (e como!) e dinheiro custa ganhar.
Então, vamos viver um pouquinho o silêncio. Afinal, pausa também é música.
É verdade lindinha, mas continue realizando os seus sonhos...
ResponderExcluirEu desisti há alguns anos atras, fui ser professora, uma boa professora... mas ainda sinto que deveria ter brigado mais pelo que eu queria realmente...
Amei o que você escreveu, você é muito especial Luiza!
Beijos da Naná
Naná querida... a gente continua amando nossos alunos e fazendo nosso trabalho com prazer né? Mas sabendo que lá dentro tem alguma coisa querendo nos levar em outras direções...
ResponderExcluirbeijo grande!obrigada pela força!
São os vazios das nossas vidas de músico. Trabalho, trabalho e mais trabalho, pra tudo terminar numa noite de show. E depois tem o dia seguinte. Mas depois aparece outro trabalho. Por aí vai...
ResponderExcluirA aventura está apenas começando e ainda falta uma coisa importantíssima: todo mundo ouvir!! Cadê???