Depois de estar completamente convencida de que eu precisava gravar um disco, me deparei com a segunda pergunta mais importante: por onde começar?
São tantas escolhas por fazer... onde gravar? Com quais músicos? Quando fazer? Quem vai produzir? Quem vai fazer os arranjos? Como é que vai estar o meu cabelo na foto de divulgação?
Entre tantas dúvidas, foi na Ponte Rio-Niterói que alcancei a iluminação, em meados de 2011.
Estávamos eu e Francisco Pellegrini (compositor, pianista e amigo) a caminho de mais uma “gig”. Eram 19h de uma sexta feira à noite. No rádio, a chatíssima Voz do Brasil. Precisávamos chegar a Niterói para tocar no Bar Itália e passamos 1:30h completamente parados na Perimetral. Não estávamos nem perto de chegar ao destino, quando já recebíamos as ligações nervosas do colega que lá chegou primeiro e nos aguardava ansioso para a bendita passagem de som.
Aproveitamos a chance para botar a conversa em dia. O Francisco , ou melhor, o Chico estava morando em Buenos Aires e me contava suas aventuras porteñas. Falamos de música, sonhos, ansiedade e, naturalmente, surgiu o papo sobre meu primeiro disco, que já era uma grande vontade.
Ele havia acabado de lançar o primeiro disco dele, junto com os queridos Lourenço Vasconcelos e Lise Bastos – que formam um trio instrumental de altíssimo nível chamado Três (ouça em: http://www.myspace.com/triotres).
Ele foi me contando suas experiências com este trabalho e foi aí que ele me deu o conselho mais valioso: “Comece pela escolha do repertório e faça listas, muitas listas.”
E assim eu fiz. Comecei a fazer uma lista por dia. Sempre trabalhando com um universo de 10 músicas, ia fazendo ajustes, trocando uma por outra. Sei que a lista mudou algumas vezes e hoje cheguei a um resultado que me satisfaz em muitos aspectos, porque vejo que o disco tem uma história pra contar.
Mas de onde é que eu tirei as músicas para colocar nas tais listas?
Pense numa criança sozinha numa loja de doces com dinheiro suficiente pra comprar todas as guloseimas que ela quer. É mais ou menos assim que funcionou a escolha de repertório para mim.
Antes de começar as listas, eu já havia começado uma grande pesquisa de repertório. Troquei e-mails com muitos amigos compositores, fui a saraus e shows, ouvi vários discos, recebi compositores em casa para me mostrarem seus trabalhos... e durante este processo de descoberta, me maravilhei com muita coisa boa que está sendo feita por aí.
Mas, é claro, não dá pra gravar tudo o que a gente gosta. As músicas que escolhi para o repertório do disco são canções que eu gostaria de ter feito. São melodias que têm exatamente o tipo de construção que eu gosto de cantar. São letras que dizem exatamente o que eu gostaria de falar.
E mais do que isso: no final das contas, acho que todas as músicas que estão no disco me escolheram. Algumas se “ofereceram” para serem compostas por mim. Outras chegaram e me conquistaram logo na primeira audição. Outras eu aprendi a amar aos poucos. Mas todas, sem exceção, ficaram na minha cabeça por dias e dias quando as conheci.
Conhecer uma música nova e se identificar com ela - por mais piegas que possa soar - é como fazer um novo amigo.
O que eu posso adiantar pra vocês é que vai ter música minha, música inédita e, é claro, que não poderia faltar uma das obras primas do Djavan e uma surpresinha da Rosa Passos, musicista que eu admiro muito e faço questão de homenagear no meu trabalho. Falta pouco pra conferir o resultado... aguardem!
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