quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

30 anos sem Elis ou os 70 anos de Nara?

É impossível um blog de cantora não citar as donas da data de hoje. Infelizmente, as comemorações do aniversário de morte de uma conseguiram sobrepujar em alguns sentidos as celebrações de aniversário da outra. O que é uma tremenda injustiça. Apesar de Elis ser uma unanimidade, Nara também teve grande importância na nossa música.
Pode ser que a disparidade que vemos hoje seja um reflexo da personalidade que cada uma apresentava. É compreensível que o jeito explosivo, intenso  e avassalador de Elis tenha cativado o público de uma forma que o jeitinho tímido da Nara não conseguiu. Mas não me venham dizer que Nara teve menor participação nos movimentos musicais brasileiros e foi uma cantora de menos atitude que Elis.
Apesar da rivalidade, elas compartilharam mais do que só o Ronaldo Bôscoli (que também "deu uns pegas" na Maysa).As duas tinham a proposta de fazer música de qualidade - e conseguiram fazê-lo, cada uma a seu modo. 

Existe um mito que envolve o cantor, todo mundo no meio musical sabe disso. Dizem que quando um cantor quer trocar uma lâmpada, ele a coloca no bocal e espera que o mundo gire ao redor dele. Em alguns casos, é mais ou menos por aí. Mas não podemos deixar que essa disputa de egos extra-musical se reflita na história e no modo como lembramos as pessoas depois da morte. 

Termino dizendo que nós cantoras da atualidade somos todas filhas de Elis e Nara. Filhas de Leny Andrade e Rosa Passos. Filhas de Carmen Miranda. Filhas de Gal e Bethania - e de tantas outras mães que escolhemos como referência para nossas carreiras.
Filhas porque herdamos de todas elas a oportunidade de fazermos cada uma o que bem entendermos com nossas vozes. Cada cantora que fez diferente, abriu espaço para que algo novo pudesse acontecer. Portanto, nada de melhor nem pior. Viva a diversidade!

Pra terminar, um lindo vídeo atual que não tem nada a ver com Nara ou Elis.  Duas cantoras mostrando que é possível fazer música juntas e que a fase da disputa entre egos já passou. 

Imbuída da filosofia do nosso "Richie Rich" brasileiro, Eike Batista, eu digo que música não é divisão. É multiplicação.



Em tempo, visite: http://www.naraleao.com.br/

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